A Pedra Frágil (1): Pedro, Desconstruído

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JOÃO 21.1-14

ouvidos-atentos

Chegamos à reta final. No capítulo 21, João conclui o seu evangelho com um acontecimento indispensável para a história da igreja primitiva: a restauração de Pedro. A história não é uma “cena pós-créditos” que João acrescentou por acaso no final do seu evangelho; ela preenche a lacuna que explica como chegamos do Pedro que negou a Cristo durante Seu julgamento nos evangelhos ao Pedro que pregou Cristo no dia de Pentecostes depois de Sua ascensão em Atos 2. Observaremos esse relato em duas mensagens: na primeira, buscamos entender a cena na praia de João 21.1-14 à luz da vida de Pedro como discípulo de Jesus; na segunda, veremos nos vv. 15-25 como Jesus o restaurou e o preparou para ser líder da Sua igreja depois da Sua ascensão.

Ao ler vv. 1-14, um conhecedor dos evangelhos deve imediatamente pensar, “Onde já ouvi essa história antes?” Em Lc 5.1-11 temos um relato muito parecido: uma pescaria frustrada e sem resultados, uma ordem de Jesus para lançar as redes em certo lugar, uma pesca miraculosa. As semelhanças são marcantes, mas as diferenças indicam que não é a mesma história. O relato de Lucas aconteceu no início do ministério de Jesus, quando chamou os discípulos e eles abandonaram tudo para serem “pescadores de homens”. Já o relato de João é depois da ressurreição, e contém vários pontos diferentes—não havia uma multidão, Jesus não estava com eles no barco, os discípulos obedeceram prontamente, as redes cheias não romperam—mas o mais importante é a atitude de Pedro. Na primeira ocasião, ele pediu que Jesus se afastasse dele, porque ele era pecador por ter questionado a Sua ordem; mas agora, mesmo tendo uma consciência pesada porque ele negou a Cristo, sua reação foi de se lançar ao mar e ir rapidamente em direção a Jesus.

Não havia como aquela cena se desenvolver sem que os discípulos lembrassem da primeira vez. Assim, empregamos uma liberdade artística para imaginar que naquele instante Pedro teve um “flashback” onde lembrou não só do seu chamado, mas de uma série de momentos, bons e ruins, que ele passou com Jesus. Ele andou no círculo mais íntimo do ministério de Cristo. Foi sobre sua confissão que Jesus declarou que edificaria Sua igreja. Ele até andou sobre as águas! Mas ele também foi chamado de Satanás quando resistiu ao plano da crucificação, e foi ele que jurou estar com Jesus até a morte, mas logo o negou três vezes. Aquele momento, de certa forma, o desconstruiu—expôs toda a sua história com Jesus e o preparou para o próximo momento: sua restauração.

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Há várias lições espirituais que podemos aprender da vida de Pedro. Afinal, ele andou no círculo mais íntimo de Jesus (Pedro, Tiago e João). Participou de muitos momentos maravilhosos com Jesus e ouviu direto da boca do Filho de Deus as palavras da vida eterna.

Mesmo assim, Pedro errou feio! Num momento de medo e fraqueza, chegou a negar ser discípulo de Jesus.

Será que somos melhores ou mais espirituais do que Pedro? Por que então agimos como se fôssemos? O apóstolo Paulo dá uma importante advertência aos espiritualmente “fortes” da igreja de Corinto: “Assim, aquele que julga estar firme, cuide-se para que não caia!” (1 Co 10.12) Ele lembrou que presenciar grandes feitos de Deus não era o mesmo que perseverar; que nenhum crente é imune à tentação ou o pecado. Convém lembrar que Deus nos ama, sim, mas ainda é santo e se ofende com os pecados dos cristãos.

Se não fosse um perigo real, por que precisaríamos de instruções como essa do apóstolo João? “Se afirmarmos que estamos sem pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 Jo 1.8, 9).

A vida em Cristo significa a falta ou a minimização do pecado? Paulo declarou que onde o pecado aumenta, a graça transborda, mas fez em seguida essa pergunta: “Continuaremos pecando para que a graça aumente?” (Rm 6.1) Sua resposta deve nos ensinar a importância de uma vida santa perante Deus: “De maneira nenhuma! Nós, os que morremos para o pecado, como podemos continuar vivendo nele?” (v. 2)

Há mais uma lição muito esperançosa no texto: Pedro precisava ir ao encontro de Jesus para ser restaurado, mas descobriu que Jesus veio à sua procura. Nossos pecados ofendem a Deus, mas é Ele que ainda nos persegue em amor. Por isso, quando, nos aproximamos dele pela fé e arrependimento, buscando seu perdão, descobrimos que Ele sempre está perto. “Aproximem-se de Deus, e ele se aproximará de vocês!” (Tg 4.8)

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Imaginamos um “flashback” de Pedro onde ele lembrou de toda sua caminhada com Jesus, de uma pescaria miraculosa à outra. Falamos do seu primeiro encontro com Jesus, quando recebeu um novo nome (Jo 1.42); seu chamado como discípulo “pescador de homens” (Lc 5.1-11); a cura de sua sogra (Mt 8.14, 15); sua confissão tão fundamental (Mt 16.13-20, paralelo a Jo 6.68, “para onde iremos?”); aquela vez que Cristo o chamou de “Satanás” (Mt 16.21-23); o monte da Transfiguração (Mt 17.1-5); o peixe que pagou os impostos (Mt 17.24-27); aquela vez que andou sobre as águas… (Mt 14.22-33); o momento que descobriu que perdoar é mais complicado do que imaginava (Mt 18.21, 22); aquele momento em que o Mestre lavou o seus pés (Jo 13); sua declaração de fidelidade até a morte (Mt 26.31-35); e, claro, aquele momento amargo, quando negou a Jesus a terceira vez, e fitou os olhos com Seu Mestre (Lc 22.61, 61).

O que faria parte do seu flashback?

Numa folha avulsa, tome inventário da sua caminhada com Cristo e use para “desconstruir” a sua vida em Cristo e avaliá-la à luz das Escrituras. Use as seguintes perguntas para nortear sua reflexão:

Como foi o seu “chamado” para a salvação? Lembra da primeira vez que ouviu o evangelho? O que o levou a finalmente responder pela fé à graça de Jesus Cristo?

Quais foram alguns momentos marcantes na sua caminhada com Cristo? Momentos em que você viu a mão de Deus agir, para restaurar algum relacionamento, dar uma resposta positiva a algum pedido especial, ou de outra forma?

Quais foram os momentos que você falhou? Situações em que você resistiu os planos de Deus para sua vida ou desobedeceu diretamente a algum mandamento ou princípio bíblico? Você chegou a negá-Lo em algum momento?

Quais foram alguns momentos de confissão ou testemunho? Situações em que você decidiu que era mais importante viver e representar Cristo e declarar-se a favor dele ao invés de ficar em silêncio?

Onde está a sua vida agora? Você está vivendo aos pés de Cristo, aprendendo a Sua Palavra, e crescendo? Ou você precisa ir ao encontro dele, como Pedro naquela praia?

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Dia 1

João 21.1-14

Dia 2

Romanos 5.20-6.11

Dia 3

Lucas 5.1-11

Dias 4 – 7

Leia os textos referentes ao trajeto ministerial de Pedro:
Jo 1.40-42; Mt 8.14, 15;
Mt 16.13-20 com Jo 6.66-69;
Mt 16.21-23; Mt 17.1-5;
Mt 17.24-27; Mt 14.22-33;
Mt 18.21, 22; Jo 13.3-17;
Mt 26.31-35; Lc 22.61, 62

2 comentários sobre “A Pedra Frágil (1): Pedro, Desconstruído

    • Patrick McClure disse:
      Avatar de Patrick McClure

      Olá Radson! Sei que nós conversamos pelo Whats, mas caso outro leitor tenha a mesma dúvida: todos os guias de estudo da série “Podes Crer” (Estudos no Evangelho de João) podem ser acessados na página da série.

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