Missão Cumprida (2): O Sepultamento

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JOÃO 19.38-42

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A cena do sepultamento no evangelho de João é tão breve que nem parece necessário dedicar uma mensagem inteira só para alguns versículos de narrativa, mas há algumas informações muito interessantes nessa breve história.

Se juntarmos os relatos do sepultamento dos quatro evangelhos, podemos reconstruir a cena: José de Arimateia foi a Pilatos pedir pelo corpo de Jesus para sepultá-Lo. Nicodemos e algumas mulheres foram e ajudaram nesse processo, portanto viram onde Ele foi sepultado. Esse detalhe se torna importante nos relatos da ressurreição. Com medo que os discípulos roubassem o corpo para fabricar uma “ressurreição”, os chefes dos sacerdotes e os fariseus pediram que Pilatos colocasse um destacamento de soldados guardando o túmulo. Lacraram o túmulo e postaram guardas na frente dele.

O foco de João é a tensão entre a fé e a descrença, portanto ele só fala de José e Nicodemos. Dos relatos dos quatro evangelhos, sabemos que José era de Arimateia, um homem rico (Mt 27.57), membro do Sinédrio (Lc 23.50; “de destaque”, Mc 15.43). Lucas diz que era um homem bom e justo, que não concordou ou consentiu ao procedimento dos outros (Lc 23.50, 51). Sabemos que ele esperava o Reino de Deus (Mc; Lc), e havia se tornado discípulo de Jesus (Mt; Jo 19.38). Porém, João ressalta que ele era discípulo secretamente, pois tinha medo dos judeus; enquanto Marcos afirma que mostrou coragem ao pedir o corpo de Jesus.

Essa é a terceira vez que vemos Nicodemos, que aparece somente no evangelho de João. Sabemos que ele era “uma autoridade entre os judeus” (3.1); até Jesus disse que era “mestre em Israel” (3.10). Demonstrou ter medo dos judeus, pois visitou Jesus à noite (Jo 19.39, cf. 3.1-21). Sua coragem cresceu a tal ponto que ele defendeu os direitos de Jesus quando os judeus conspiravam contra Ele (7.45-52). Ao ajudar José, ele indicou que possivelmente era um discípulo secreto também, mas no mínimo mostrou coragem ao participar do sepultamento, pois ao ajudar mostrava simpatia pelo “réu”.

Se compararmos as atitudes e ações dos discípulos de Jesus diante da Sua prisão, Seu julgamento e Sua crucificação, veremos um contraste interessante. Os discípulos fugiram e se espalharam quando Jesus foi preso; Pedro chegou a negar Jesus. Mas agora que o Mestre estava morto, quando não tinham nada a ganhar por se identificarem como discípulos, esses discípulos secretos foram um grande exemplo de fé ao pedir para cuidar do corpo de Cristo.

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Vamos aplicar o que aprendemos à nossa vida espiritual. Observamos que a caminhada da fé de cada pessoa é diferente. Sabemos que só há Um Caminho (Jo 14.6), mas como ouvimos o evangelho e como interagimos com ele será diferente para cada pessoa. Só no evangelho de João temos vários exemplos.

Pessoas que rejeitam a fé em Cristo (Jo 19.15). Conhece alguém como os fariseus? Por mais que você compartilhe o evangelho e testemunhe da graça de Deus em sua vida, parece que ele(a) se torna até mais resistente à mensagem? Como você pode orar por essa pessoa? Como deve agir com ela?

Pessoas que creem em uma parte da mensagem, mas não chegam à fé salvadora (Jo 8.31, 32, 44). Existem muitas pessoas que acreditam em alguns elementos da fé cristã, mas nunca chegaram à fé salvadora. Nunca experimentaram uma transformação verdadeira. Você vê como a vida na igreja local se torna importante? Deus nos deu um ambiente seguro para podermos afirmar e supervisionar a fé um do outro, com liderança que nos prepara para o ministério (Ef 4.11-16).

Pessoas que parecem ser discípulos, mas não são (João 6.70). O próprio João adverte que existem pessoas que têm toda roupagem de cristãos (até líderes), mas não são cristãos (1 Jo 2.18, 19, 22; 4.3; 2 Jo 1.7). Judas é um excelente exemplo. Como podemos nos proteger contra essas pessoas? Que régua de medida devemos usar para discernir quem são? Novamente, vemos a importância do convívio com igreja para este fim.

Pessoas que creem verdadeiramente, mas são vencidos pelo medo (João 6.67-69; 18.17, 25, 27). Pedro não é o único a recuar diante das provações. Isso não tira sua salvação, nem justifica suas ações, claro. Mas deve reforçar que, como a salvação, a nossa perseverança está firmada em Jesus Cristo.

Pessoas que creem secretamente, mas se prontificam nas horas difíceis (João 19.38, 39). Como o discipulado secreto de José e Nicodemos pode servir de exemplo para nós? Certamente não é para encorajar cristianismo secreto! Mas podemos ver neles um grande sacrifício. O Mestre estava morto, e eles não entendiam o que aconteceria ao terceiro dia. Mesmo assim, não tendo nada a ganhar, eles se prontificaram e saíram das sombras para servir a Deus.

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Como podemos aplicar uma narrativa como essa à nossa vida espiritual? No exemplo de José e Nicodemos podemos achar esperança. Até mesmo para o cristão inseguro ou imaturo, Deus pode ter um plano que o leve a se prontificar, até mesmo em circunstâncias extremas. A caminhada da fé de cada pessoa é diferente.

Devemos lembrar que “A existência de ministério em tempo integral não é desculpa para a vida cristã em tempo parcial”. Ou seja, cada um de nós, salvos em Cristo, deve se prontificar para a missão de fazer discípulos, não apenas “os chamados” (afinal, todos somos chamados).

Todo salvo é transformado. Leia 2 Coríntios 5.17 e Efésios 2.1-7. Que termos Deus usa nesses textos para descrever a nossa vida espiritual antes e depois da salvação? Como essas verdades—da morte à vida, uma nova criatura—se apresentam na sua vida diária? Outra forma da perguntar seria: quantas das suas atitudes e ações dependem da transformação da sua alma para acontecer? Ou, quanto do seu dia seria exatamente igual sem o evangelho? Que passos práticos você pode tomar para viver mais a transformação do evangelho no seu cotidiano?

Todo salvo é comissionado. Leia Mateus 28.18-20. Quem deve fazer discípulos? Como isso é feito? Há alguma isenção ao mandamento? Como você está vivendo isso no dia a dia?

Todo salvo é compromissado. Leia Romanos 12.1-5. Paulo descreve a vida em Cristo como o quê no v. 1? Quantas ações e atitudes você poderia descrever como “apresentadas como sacrifício vivo, santo e agradável para Deus”? Que passos práticos podemos tomar para evitar conformidade ao mundo e experimentar a transformação? Como podemos renovar a nossa mente? Você vê como Paulo logo aplica esses conceitos à vida na igreja (vv. 3-5)? Você está vivendo a vida no corpo como ele descreve? Se a resposta for sim, como? Ou, se for não, por que não?

Como você está usando a vida que Deus lhe deu? Leia 2 Coríntios 5.15. Por quem devemos viver, Deus ou nós mesmos? Quantas das suas ações e atitudes diárias correspondem a esse critério? Que se deve fazer para consertar isso?

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Dia 1

João 19.38-42

Dia 2

Mateus 27.57-66

Dia 3

Marcos 15.42-47

Dia 4

Lucas 23.50-56

Dia 5

Efésios 2.1-10

Dia 6

Romanos 12.1-20

Dia 7

2 Coríntios 4.1-18

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