O Mundo Odeia Cristo (1): O Relacionamento de Amor/Ódio

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JOÃO 15.18-16.33

ouvidos-atentos

Existe uma frase em inglês que descreve situações de emoções conflitantes, aqueles relacionamentos marcados por afinidade e repulsão simultânea. É chamado um “love/hate relationship”—um relacionamento de amor/ódio. Por exemplo, vivemos num relacionamento de amor/ódio com o Brasil: amamos nossa pátria, e tudo de bom que ela representa e oferece; ao mesmo tempo, vemos claros exemplos de ódio pela corrupção, desonestidade e violência que também marcam o nosso país. Ao voltarmos para nossa macrossérie “Podes Crer” vimos que Jesus ensina alguns princípios sobre o Seu relacionamento com o mundo, e por extensão, o relacionamento entre o cristão e mundo (Jo 15.18-16.33). Nas próximas semanas estudaremos essa tensão na minissérie “O Mundo Odeia Cristo”.

Para entendermos as afirmações de Jesus, é importante entender como a Bíblia define amor e ódio. Tem duas qualidades claras na Palavra de Deus acerca do amor e do ódio. Primeiro, vimos o conceito da volição: amor e ódio são primeiramente decisões que precedem e transcendem os sentimentos. Para o ser humano, ambos estão tão ligados às emoções e aos sentimentos que muitos os definem pela lente emocional somente. Quando sinto amor, eu amo; quando sinto ódio, odeio. É justamente por isso que o mundo “odeia a Jesus sem razão” (Jo 15.25)—se opõe a Cristo a partir daquilo que sente, sem realmente entender Seu propósito e mensagem. Biblicamente, o amor e ódio devem ser decisões conscientes da nossa parte. Partindo da nossa fé, decidimos favorecer ou rejeitar as coisas que Deus favorece ou rejeita.

Em segundo lugar, observamos o conceito da oposição. Vimos que o amor e o ódio bíblico são conceitos completamente opostos e exclusivos. Você ama o seu irmão, ou você o odeia. Pela lente sentimental, essa frase é radical demais; imaginamos uma escala graduada de tons de cinza entre o preto e branco. Mas, pela lente da volição (amor e ódio como decisões), faz todo sentido: ou eu decido favorecer (amar), ou me oponho (odeio). Não há neutralidade entre luz e trevas (1 Jo 1.5-7).

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Como já vimos, João, o “apóstolo do amor”, não passava a mão na cabeça dos seus leitores. Não é por falta de carinho, pois termos como “filhinhos” mostram que ele os amava. Mas seu amor não era norteado pelo sentimento, mas pela fidelidade à Palavra de Jesus que ele havia recebido pessoalmente (1 Jo 1.1-4). Ele traçou uma linha bem distinta entre o amor e o ódio.

Primeiro, ele fez a distinção usando o retrato de luz e trevas:

Quem afirma estar na luz mas odeia seu irmão, continua nas trevas. Quem ama seu irmão permanece na luz, e nele não há causa de tropeço. Mas quem odeia seu irmão está nas trevas e anda nas trevas; não sabe para onde vai, porque as trevas o cegaram. (1 Jo 2.9-11)

Em seguida, ele declarou com todas as letras: amar a Deus é inconsistente com o ódio ao irmão:

Se alguém afirmar: “Eu amo a Deus”, mas odiar seu irmão, é mentiroso, pois quem não ama seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê. (1 Jo 4.20)

Pela lente sentimental, podemos imaginar aquela escala graduada e fazer uma afirmação como, “Ah, mas eu não odeio meu irmão! Só não vou com a cara dele!” Ou, tentando ser mais política e psicologicamente correto, “Nossas personalidades simplesmente não combinam”. Será que isso é bíblico?

Quando Jesus ensinava sobre o dinheiro, Ele ensinou um princípio fundamental sobre a perspectiva de Deus acerca da relação opositora entre amor e ódio:

Nenhum servo pode servir a dois senhores; pois odiará a um e amará ao outro, ou se dedicará a um e desprezará ao outro. Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro. (Lc 16.13)

É possível amar uns aos outros e ainda “não gostar” um do outro? Podemos burlar o princípio por meio de um conceito humano como personalidade? Existe alguém que não foi criado na imagem de Deus? Alguém está isento do “amar ao próximo”?

Tiago descreve bem a incoerência em relação à nossa língua:

Com a língua bendizemos ao Senhor e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus. Da mesma boca procedem bênção e maldição. Meus irmãos, não pode ser assim! Acaso pode sair água doce e água amarga da mesma fonte? Meus irmãos, pode uma figueira produzir azeitonas ou uma videira, figos? Da mesma forma, uma fonte de água salgada não pode produzir água doce. (Tg 3.9-12)

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A Bíblia nos ensina que nada nos separará do amor de Deus (Rm 8.38, 39). Essa verdade todos adoram, não é? Quando nós decidimos não amar certas pessoas, por qualquer motivo, não estamos, essencialmente, tentando separá-las do amor de Deus que deve fluir de nós? “Deus, obrigado por garantir que nada me separará do Seu infinito amor! Mas entenda, Pai, eu me recuso a mostrar o Seu amor para fulano porque não vou com a cara dele”. Isso é extremamente incoerente!

Você odeia algum irmão em Cristo? Antes que você responda “claro que não!”, faça um teste. Alguma dessas afirmações descreve sua situação?

  • Eu estou abertamente em conflito não resolvido com um irmão em Cristo.
  • Eu estou secretamente em conflito não resolvido com um irmão em Cristo.
  • Eu evito interagir/falar/sentar perto de algum irmão (nos cultos e/ou durante a semana).
  • Não consigo ou não quero orar por alguns irmãos. (Oração contra não vale!)

Você enxerga como nenhuma dessas atitudes reflete amor pelo irmão? Biblicamente, você deve entender que você, de fato, odeia o seu irmão, e isso é incoerente com um amor por Deus (1 Jo 4.20).

Você entende ao menos por que você odeia o seu irmão?

  • Porque a vida dele é pecaminosa. Enxergo os seus pecados e fraquezas e não consigo me relacionar. (Leia Mt 18.15-17; Lc 17.3, 4; Gl 6.1, 2. O que você deve fazer quando vê um irmão em pecado? Ame o seu irmão e obedeça à sua responsabilidade.)
  • Porque ele é hipócrita! Vive fazendo coisas erradas e finge ser cristão bonzinho. (Leia os textos acima. Ame o seu irmão!)
  • Porque minha personalidade não bate com a dele. Somos simplesmente incompatíveis e eu aceito isso. (É incoerente pensar que, em Cristo, Deus quebrou a barreira de inimizade entre os gentios e os judeus, Ef 2.13-16, mas não conseguiu superar a barreira entre sua personalidade e a do seu irmão. Ame o seu irmão!)
  • Porque não o conheço. Apareceu na igreja e não sou bom de conhecer pessoas novas. (Nem parece necessário incluir esse item. Porém… Ame o seu irmão!)

“Mas aí parece que é sempre a minha responsabilidade tomar uma decisão. E o irmão? Ele não tem alguma responsabilidade em tudo isso?” Claro que tem! Ele tem a mesma responsabilidade de procurar reconciliar-se com Deus e os homens e amar você.

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João 15.18-16.33

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