Genérico

O termo “genérico” é um que todos usamos para descrever aquilo que não é de marca. Este sentido é muito conhecido no mundo dos medicamentos genéricos, que têm a mesma composição ativa dos medicamentos caros das marcas das grandes farmacêuticas. Sei que em alguns lugares, outros produtos–por exemplo, alimentos–também vem em forma genérica: só o nome do produto, e não uma marca.

Nos últimos anos “genérico” também tem se tornado sinônimo daquilo que é pirateado. Já ouvi várias vezes a frase “mas pastor, o uso do genérico tá liberado no Brasil” como desculpa para o uso de DVDs pirateados. Neste sentido, o uso de “genérico” é tão falso quanto a própria pirataria, pois o sentido normal fala de um produto com rótulo diferente, mas com conteúdo igual; na pirataria o produto é o falso, ou o inferior, mas com o rótulo igual, justamente para enganar, ou pelo menos aparentar ser o verdadeiro.

Mas isto não é uma mensagem contra a pirataria em si, mas um alerta contra uma pirataria espiritual. É um alerta sobre cristianismo genérico. É um espiritualismo que aparenta ser evangélico, ou cristão, mas que de cristão ou evangélico só tem rótulo. Fala a linguagem, faz a conduta, carrega a Bíblia, mas não contém a mensagem essencial: Jesus Cristo como salvador exclusivo do homem. E como qualquer coisa pirateada, há aqueles que participam cientes do engano, e outros que são enganados sem saber. O trágico deste cristianismo genérico é o fato que o ingrediente ativo que falta é justamente aquele que transforma. Pois sem Cristo não há salvação. Só há o que todo mundo tem de sobra: religião.

Estive num concerto evangélico recentemente, e vi este tipo de cristianismo em prática. Não é que o cantor e sua banda estavam tentando enganar o povo. Não estou tentando denegrir o ministério deles. Mas me deu uma vontade tão grande de berrar em voz alta, “Cadê Jesus, gente?!” O concerto todo era Deus pra cá, Deus pra lá, mas Jesus só apareceu numa forma críptica como “Yeshua” numa frase só, ou como pontuação na letra das músicas: “Ó Jesus!” A mensagem clara do evangelho–a necessidade da salvação por causa da desobediência humana, a reconciliação dos homens a Deus pelo sacrifício perfeito de Cristo na cruz, a promessa de vida eterna–estas verdades simplesmente não foram ditas, tanto na música, como na mensagem falada. Ouvimos que Deus nos ama muito, que Deus quer nosso bem, que Deus é Pai; mas do Filho, do salvador que nos traz em comunhão com o Pai, do ponto crucial–a cruz–nada. Isto é cristianismo genérico. Sem questionar a situação espiritual do cantor e seus músicos, posso falar que sua mensagem não continha nada que trouxesse os ouvintes mais próximos a Deus, pois o nosso único mediador não teve vez.

Vamos largar o cristianismo genérico! Afinal de contas é Jesus que nos traz a um relacionamento com Deus. Vamos falar de Deus, cantar sobre Deus, mas pelo próprio plano revelado Dele, vamos exaltar Jesus Cristo, para a glória de Deus Pai. Afinal de contas, o motivo de medicamentos genéricos é baratear o custo; do genérico da pirataria, de evitar o preço alto do original. Mas a mensagem do evangelho–a boa nova–é que o preço alto já foi pago por Cristo, e Ele é o ingrediente ativo da nossa salvação. Neste caso, o genérico não tem nem lógica. Produto original, e de graça (pela graça de Deus): tem coisa melhor?

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