O barbeiro ateu e a resposta cabeluda.

Um amigo me mandou um link hoje do vídeo acima. Ele comentou que a discussão gerada no Facebook acerca do vídeo oferece “uma visão relativamente ampla de qual é o pensamento natural atual sobre o nosso Deus”. E ele tinha razão; nos comentários ficou clara a divisão entre aqueles que rejeitam a Deus e as propostas da Bíblia e aqueles que aceitam tanto a Deus como a Sua Palavra.

A discussão em si não me surpreendeu, pois os comentários e as posições são bem previsíveis. (É fácil resumir assim: descrentes incoerentes, descrentes coerentes, crentes coerentes, crentes incoerentes.) O que me preocupa é o conteúdo do próprio vídeo em relação à resposta do cliente cristão do barbeiro.

A PERGUNTA DO BARBEIRO ATEU.

No vídeo, o barbeiro declara que é ateu porque vê uma incógnita no mundo à sua volta. Portanto pergunta, “Se Deus existe, por que há tantas pessoas doentes?” E continua com uma lista do sofrimento humano nas suas diversas manifestações. Esta pergunta começa a partir da premissa que se algum Deus existe, Ele deveria seguir as regras estipuladas pela homem (no caso, o barbeiro). [Aqui é interessante citar um dos comentários, “Se Deus existe ele deu o livre arbítrio então cada um acredita no que quiser.” Conseguiu seguir a lógica?] Ou seja, Deus precisa agir da forma que eu acho coerente, ou não pode ser Deus. Esta ótica não enxerga a possibilidade que Deus possa ter Sua própria vontade e o Seu próprio plano que explicam o porquê deste sofrimento sem ferir o Seu caráter divino.

Este tipo de pergunta também ignora que a Bíblia explica claramente o porquê do sofrimento humano, e isso nos primeiros três capítulos da Bíblia! A pessoa que faz a pergunta demonstra que não se deu ao trabalho de estudar as propostas básicas da Bíblia. E não falo de aceitar as propostas bíblicas, falo apenas de estudar para saber o que Deus propõe na Sua Palavra, para pelo menos avaliar as propostas com coerência.

A RESPOSTA DO CRISTÃO.

Em resposta ao barbeiro ateu, o cliente cristão oferece uma ilustração. Traz para dentro do salão um cabeludo, e explica que não acredita que barbeiros existam. Pois, “se barbeiros existissem, não haveriam pessoas com cabelo tão comprido.” A suposta pegadinha da ilustração é a própria resposta do barbeiro:

“Sim, barbeiros existem, o problema é que as pessoas não vêm até mim.”

Então o cliente devolve:

“Deus existe, mas só que as pessoas não vão até Ele. Por isso, amigo, há tanta miséria e dor no mundo”.

Imagina-se um “ohhh” coletivo enquanto a galera cristã pira!  Não nego que é uma ilustração interessante…mas infelizmente ela é incompleta. Contêm pelo menos dois problemas importantes.

1º PROBLEMA: NA ILUSTRAÇÃO, A SOLUÇÃO PARA O SOFRIMENTO É AÇÃO DO HOMEM, E NÃO A OBRA DE JESUS CRISTO.

A proposta do cristão é, “Deus existe, mas só que as pessoas não vão até Ele. Por isso, amigo, há tanta miséria e dor no mundo”. De certa forma, podemos até falar que há sofrimento porque pessoas não procuram a Deus, mas, sem esclarecimento, isso pinta um retrato incompleto da mensagem bíblica. A Bíblia propõe que o primeiro homem (e sua esposa) já pertenciam a Deus e estes O rejeitaram. Em outras palavras, sofrimento não veio ao homem por que o casal não foi até Deus, mas porque pelo pecado foram expulsados da Sua presença. O sofrimento existe por causa da desobediência da criatura contra o Criador (Gn 3). A Bíblia explica que o ser humano é morto nos seus pecados (Ef 2). A solução do problema não está no homem “ir até Deus”, pois o homem nos seus pecados é incapaz de procurá-Lo (Rm 3.10, 11)! Mas Deus, em Cristo, veio ao homem para oferecer a solução final do pecado e consequentemente do sofrimento. A busca não é o homem procurando por Deus, mas Deus buscando o homem, e convidando-o para ser reconciliado! Como diz em 2 Co 5.19, “…Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões…”

2º PROBLEMA: NA ILUSTRAÇÃO, A IMPLICAÇÃO É QUE SE AS PESSOAS VIESSEM A DEUS NÃO TERÍAMOS O SOFRIMENTO QUE O BARBEIRO DESCREVEU.

Em nenhum lugar vemos a Bíblia oferecendo alívio imediato e final do nosso sofrimento pela fé em Cristo. A Bíblia deixa muito claro que há sofrimento até para quem segue a Deus. Isso porque a solução final do sofrimento humano realizada por Jesus Cristo na cruz, embora seja um fato presente e final para Deus (que está além do tempo e espaço), ainda está no futuro para a humanidade (que está presa ao tempo e espaço, por ora). A premissa que “sofrimento acaba quando viermos a Deus” é incorreta, pois não é isso que a Bíblia ensina. O que Deus oferece é uma perspectiva que ajuda a entender porque temos o sofrimento atual, e também a entender o que Ele fez (e continua fazendo) até chegarmos àquele momento futuro onde sim, o sofrimento acabará para todo sempre. Falando deste tempo futuro o apóstolo Paulo escreveu aos romanos “Pois tenho para mim que as aflições deste tempo presente não se podem comparar com a glória que em nós há de ser revelada” (Rm 8.18).

ENTÃO, O VÍDEO É RUIM?

Não, não é ruim, e a resposta não foi tão cabeluda assim (bem, além do cabeludo, né?). O vídeo é bem feito, com boa qualidade de produção e atuação dos atores. Para uma audiência cristã, a “pegadinha” faz a gente pensar, e tem até valor humorístico. Mas, se o alvo do vídeo foi evangelismo ou apologética (uma defesa da fé), vários elementos importantes estavam faltando para cumprir este propósito.

Temos que ter cuidado com vídeos como esse que servem para propor uma ilustração legal, mas que, analisados, não carregam o peso nem a verdade suficientes para “convencer” alguém daquilo que a Bíblia propõe como verdade. Deus pode usar como ferramenta para trazer alguém ao entendimento da Sua Palavra, mas isso não muda o fato que “a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Cristo” (Rm 10.17).

Certamente podemos ser criativos nos métodos que usamos para evangelizar as pessoas à nossa volta, mas até nossas ilustrações devem refletir o Evangelho com fidelidade.

Use palavras: é necessário.

“Pregue o evangelho em todo tempo; se necessário, use palavras”

Sempre que ouvi esta frase atribuída a Francisco de Assis senti que algo estava faltando. A princípio, sempre soa legal, e pessoas adoram citá-la; mas ela parece contrariar ensinamentos bíblicos como:

…a fé vem por ouvir a mensagem, e a mensagem é ouvida mediante a palavra de Cristo.

Romanos 10:17

Por isso fiquei feliz quando achei esta charge que usa o humor para explicar o problema central desta frase.

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Vamos pregar o evangelho, e já que é necessário, usemos palavras!

Traduzido e usado com permissão do autor original. Visite o post original em inglês por meio deste link. Agradeço ao Adam4d pela charge e a permissão para usá-la.

A Lista Definitiva dos Livros que Todo Cristão Deveria Ler

Inspirado pelas listas do tipo “20  [ou 25 ou 30] livros que todo cristão deveria ler”, resolvi entrar nessa e fazer uma lista definitiva. Muitos dos livros indicados neste tipo de lista são boas indicações. Alguns, nem tanto. Mas posso dizer, com toda certeza, que as minhas indicações abaixo são, sem dúvida, os melhores livros escritos para discípulos de Jesus Cristo, e são indispensáveis para qualquer cristão. São 66 livros:

  1. Gênesis
  2. Êxodo
  3. Levítico
  4. Números
  5. Deuteronômio
  6. Josué
  7. Juízes
  8. Rute
  9. 1 Samuel
  10. 2 Samuel
  11. 1 Reis
  12. 2 Reis
  13. 1 Crônicas
  14. 2 Crônicas
  15. Esdras
  16. Neemias
  17. Ester
  18. Salmos
  19. Provérbios
  20. Eclesiastes
  21. Cântico dos Cânticos
  22. Isaías
  23. Jeremias
  24. Lamentações de Jeremias
  25. Ezequiel
  26. Daniel
  27. Oseias
  28. Joel
  29. Amós
  30. Obadias
  31. Jonas
  32. Miqueias
  33. Naum
  34. Habacuque
  35. Sofonias
  36. Ageu
  37. Zacarias
  38. Malaquias
  39. Mateus
  40. Marcos
  41. Lucas
  42. João
  43. Atos dos Apóstolos
  44. Romanos
  45. 1 Coríntios
  46. 2 Coríntios
  47. Gálatas
  48. Efésios
  49. Filipenses
  50. Colossense
  51. 1 Tessalonicenses
  52. 2 Tessalonicenses
  53. 1 Timóteo
  54. 2 Timóteo
  55. Tito
  56. Filemom
  57. Hebreus
  58. Tiago
  59. 1 Pedro
  60. 2 Pedro
  61. 1 João
  62. 2 João
  63. 3 João
  64.  Judas
  65. Apocalipse

Agora, pode parecer banalidade escrever uma lista como esta, mas faço por dois motivos:

1) Sei, por experiência, que muitos—se não a maioria—dos cristãos, nunca leram todos estes livros. E muitos que leram, leram rapidamente, uma única vez, para dizer que leram.

2) Sei, pela Palavra, que somente estes livros vem com essa garantia: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra”. —2 Timóteo 3:16-17

Agora, existem milhares de livros bons para o cristão ler além desses que estão na Bíblia, e certamente tenho, como os criadores destas outras listas, a minha opinião sobre quais seriam de bom proveito para cristãos lerem. Acho, porém, que devemos começar por estes.

Até Quando, Senhor? Salmo 13 e as Frustrações da Vida

Até quando, Senhor? Para sempre te esquecerás de mim?
Até quando esconderás de mim o teu rosto?
Até quando terei inquietações e tristeza no coração dia após dia?
Até quando o meu inimigo triunfará sobre mim?

Olha para mim e responde, Senhor meu Deus.
Ilumina os meus olhos, do contrário dormirei o sono da morte;
os meus inimigos dirão: “Eu o venci”, e os meus adversários festejarão o meu fracasso.

Eu, porém, confio em teu amor; o meu coração exulta em tua salvação.
Quero cantar ao Senhor pelo bem que me tem feito.

—Salmos 13:1-6

Neste domingo estudamos a mensagem do Salmo 13, que expressa a frustração do salmista, e a solução que ele encontra em Deus. O salmo começa com a pergunta “Até quando, Senhor?”, seguido por uma série de sentimentos do salmista. Ele sente que Deus se esqueceu dele, que Ele está escondendo o seu rosto. Ele sente inquietações e tristeza constantes. Ele acha que os seus inimigos estão triunfando sobre ele. Vimos que estes sentimentos de tristeza e de abandono são comuns nos salmos, como também é o sentimento de frustração. A pergunta “até quando?” é expressada pelo menos nove vezes nos salmos. Podemos entender da pergunta do salmista que não é errado sentir isso, nem de expressar este sentimento para Deus, mas devemos fazê-lo com respeito, e sempre deve nos levar às respostas bíblicas.

A frustração do salmista o leva a uma súplica honesta. Ele pede para que Deus o examine (“olha para mim”) e o responda. Pede também sabedoria (“ilumina os meus olhos”). Como falamos, Davi ainda demonstra um certo pessimismo na sua súplica. Ele acha que se Deus não o responder, ele morrerá, e os seus inimigos festejarão a sua derrota. É importante ver, porém, que mesmo com a sua visão negativa da situação, ele está recorrendo a Deus para resolver os seus problemas.

A frustração de Davi e sua súplica honesta o levam a um resultado sobrenatural: ele termina o salmo exaltando a Deus, e cantando sobre o bem que Deus lhe tem feito. Quando ele diz que confia no amor de Deus, ele usa uma palavra que significa o amor de Deus ligado à Sua aliança. É mais do que o amor-sentimento; é o amor-promessa. Para nós, lendo este salmo depois da vinda de Cristo, tanto este amor e a “salvação” têm novos significados. Se o salmista podia cantar do bem que Deus lhe fez, quanto mais nós, que temos a certeza e esperança em Cristo, podemos louvar a Deus?

Este salmo nos dá um exemplo bíblico de como lidar com as circunstâncias da vida: as nossas emoções são válidas, e podem ser expressadas para Deus, contanto que a verdade revelada na Bíblia, e por meio de Cristo, nos levam a glorificar ao Deus que nos fez (e ainda faz) bem.

Falamos que as emoções expressadas por Davi são comuns, e são válidas, mas que elas não podem chegar a nos dominar, ou escravizar. Para muitos, estas emoções—frustração, tristeza, inquietação, temor—não os levam para a cruz. Como disse o autor Francis Schaeffer:

“Uma cultura ou um indivíduo com uma base fraca só poderá aguentar enquanto a pressão sobre ela não for grande demais”.

—Francis Schaeffer,  How Should We Then Live? (Como Devemos Então Viver?)

Para estas pessoas, a vida começa e termina nelas mesmas; não estão seguras na base infinitamente forte e eterna de Cristo, a rocha. Por isso, verão que suas bases só aguentam quando a pressão não for grande demais. É fácil ver que na nossa sociedade, muitos vivem com bases fracas demais para aguentar as pressões da vida.

Aplicação Pessoal

Como está a sua base?

Você se sente frustrado com alguma coisa recentemente? Frustrado com pessoas? Frustrado com Deus e a aparente inação dele?

Sua frustração está sendo causada por algo além do seu controle? Está acontecendo por circunstâncias que você criou, ou é independente de suas ações?

Você tem expressado esta frustração para Deus?

Você tem procurado respostas para a sua situação na Bíblia? A Bíblia trata direta- ou indiretamente do seu problema?

Você tem voltado às coisas que Deus já realizou na sua vida e agradecido pelo “bem que lhe tem feito”?

Aplicação Prática

Quer fazer um exercício prático aplicando esta verdade bíblica? Leia as seguintes perguntas, e escreva as suas respostas numa folha de papel. Use as suas respostas para traçar os passos do salmista: expresse os seus sentimentos, suplique a Deus por sabedoria (respostas bíblicas), louve a Deus pelo o que Ele tem feito em sua vida.

Descreva uma situação em que você sentiu que Deus estava ausente, ou tardio em responder; um momento em que você perguntou “até quando, senhor?”

Você passou pelas inquietações, a tristeza, o medo, ou outras emoções fortes durante este tempo? Descreva o que você sentiu.

Você expressou estas coisas para Deus? ◻︎ Sim ◻︎ Não. O que aconteceu com aquela situação?

Quais são algumas verdades bíblicas, diretas ou indiretas, que falam (ou falaram) à sua situação?

Você tem voltado às coisas que Deus já realizou na sua vida e agradecido pelo “bem que lhe tem feito”? Faça isso agora. Escreva, em forma de oração, agradecendo a Deus pelo bem que Ele tem feito em sua vida.

Ué, João endoidou de vez?

A primeira carta de João é um guia muito prático de discipulado. Diferente do seu evangelho, que foi escrito “para que vocês creiam que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus e, crendo, tenham vida em seu nome” (Jo 20.31), João escreve esta primeira carta “a vocês que crêem no nome do Filho de Deus, para que vocês saibam que têm a vida eterna” (1 Jo 5.13). João está dizendo, basicamente, “Se você leu o meu evangelho e creu em Jesus, esta carta é o próximo passo”. Esta declaração de propósito é uma de três que se encontram em 1 João. A primeira está no capítulo 1, que diz que ele está escrevendo “para que a nossa alegria seja completa” (v. 4).

Neste post eu queria concentrar na terceira declaração de propósito da carta de João, que está no primeiro versículo do capítulo 2. Diz que João escreveu a carta “para que vocês não pequem”.

Não pequem? João endoidou de vez? Que conversa maluca!

O contexto deste versículo declara que nós somos pecadores (1.8), que já pecamos (1.10), e que vamos pecar novamente (2.1). João não está sendo ingênuo quando declara este propósito: ele entende como as pessoas são. A grande diferença entre João e o cristão pós-moderno é que ele não aceita a mediocridade. Ele não vai sentar e dizer, “Pois é, sou humano. Vou falhar. Deus tem que aceitar isso”. Nos nossos esforços desesperados de nos livrar da escravidão do legalismo, as nossas respostas contemporâneas lançaram o pêndulolá para o outro lado, e nós vemos que chegamos ao ponto de aceitar comportamentos e atitudes inaceitáveis.

O que deu errado? É interessante que o próprio João tratou de duas atitudes chaves que agravam a nossa situação atual: a noção que não há nada de errado (estamos sem pecado), e a noção que não fizemos nada de errado (não temos cometido pecado).

“Tudo azul”.

Ninguém procura uma solução quando não enxerga um problema. Existe um ditado em inglês: se não está quebrado, não conserte. Basta apenas assistir um pouco de televisão para ver que a sociedade tem mudado muito a sua opinião do que certo e o que é errado. Existem comédias que aceitam todo tipo de imoralidade e comportamento tosco como sendo normal. Ou dramas de detetives que expõem o submundo violento e perverso da humanidade, mas que põem a culpa em tudo menos na depravação humana. Ou a paixão atual que a sociedade tem pelos vampiros, lobisomens, e zumbis. Todas apontam para o mal que está no nosso coração. Mas se olharmos mais atentamente, a linha entre o bem e o mal está embaçada. Por trás da máscara do “realismo” este tipo de entretenimento não só aceita, mas leva a audiência a aceitar, toda espécie de ideia claramente contrária a palavra de Deus. Não estamos nem falando das famosas áreas duvidosas; isto é a plena aceitação do errado como sendo normal e razoável. João não deixa dúvidas: “Se afirmarmos que estamos sem pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós” (1 Jo 1:8). O conceito que somos “apenas humanos” e portanto devemos ver nossas falhas como sendo aceitáveis é uma ilusão—estamos mentindo a nós mesmos. Gente, não está tudo azul. Nós estamos completa e irrevogavelmente quebrados (Rm 3.10, 23). Se nós não admitirmos isto, não procuraremos uma solução para o nosso problema.

“Não fiz nada de errado”.

Agora passamos da conta mesmo, pois vamos além de enganar a nós mesmos, e chamamos o próprio Deus de mentiroso (1.10). Não só vivemos na condição de pecador, como somos pecadores incorrigíveis. João declara isto no contexto da confissão de pecados no versículo 9, então inclui a ideia que a confissão só acontecerá se admitirmos o nosso erro. Desde o momento que Adão apontou o dedo para Eva, e Eva para a serpente, o homem tem aperfeiçoado a arte de apontar o dedo para qualquer coisa além dele mesmo. A verdadeira confissão só acontecerá quando nós assumirmos responsabilidade pelo nosso pecado: “Contra ti, só contra ti, pequei e fiz o que tu reprovas, de modo que justa é a tua sentença e tens razão em condenar-me” (Sl 51.4). Não há salvação sem a admissão do pecado; não existe arrependimento sem que viremos as costas para o pecado; não pode haver perdão sem assumirmos a responsabilidade dos nossos pecados.

Mas como saber isto leva a alvo de João que “não pequemos”? Ele desenvolve esta dinâmica ao longo da sua carta, mas podemos resumir assim: “Esta é a mensagem que dele ouvimos e transmitimos a vocês: Deus é luz; nele não há treva alguma” (1 Jo 1:5). Como seguidores de Cristo—aqueles que entenderam a mensagem do evangelho para que “pudessem acreditar”—devemos trilhar um caminho caracterizado por ser completamente contrário ao pecado. Luz e trevas não coexistem numa harmonia bela e tolerante. Leia novamente: “Deus é luz. Nele não há treva alguma. Nada. Zero”. diz João. “Meu alvo, se vocês escutarem, é ajudar vocês a viverem tão próximos à luz que vocês cheguem ao ponto que o pecado não é mais um problema na sua vida. Ou seja, que vocês não pequem.”

“Não pequem”.

Clamamos: “Isso é impossível!”

Ouvimos a resposta de Deus: “Imaginei que vocês falariam isso. Já lhes disse várias vezes, mas vale a pena repetir: ‘Para o homem é impossível, mas para Deus todas as coisas são possíveis'” ((Mt 17.20; 19.26; Mc 10:27; Lc 1:37; 17:1; 18:27).

É hora de arregaçar as mangas, vestir a nossa armadura, e avançar contra os portões do inferno. Temos muitos pecados a não cometer!

Sem Vergonha!

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Uma amiga nossa compartilhou um link hoje do noticiário norte-americano Fox News que fala a respeito de imagens pornográficas e ultraviolentas que andam aparecendo no Facebook. Várias pessoas relataram que ficaram envergonhadas ao acessarem a gigantesca rede social, pois tinha parentes por perto quando as imagens apareceram no seu computador. Este exemplo recente ressalta um problema maior na nossa cultura: a falta de vergonha. Os muros que serviam de barreira para proteger os inocentes da linguagem e do comportamento que outrora considerávamos inadequado para o público estão desmoronando. Em alguns lugares, estão caindo em ruínas por falta de cuidado; em outros, estão sendo demolidos por forças sociais—a garotada popular, as celebridades sem inibições, o preletor “iluminado”—destroçados e permitindo a entrada de toda espécie de mal nas situações que antes achávamos seguros.

Antigamente isto era uma coisa que falávamos sobre a TV ou o cinema. Desde o começo do entretenimento na telinha ou no telão, temos visto um declínio da moralidade e do discurso adequado. Profanidade, obscenidade, ódio, vingança, falta de perdão, e mentiras descaradas saturam o entretenimento de hoje. Sexo fora do casamento (o famoso “ficar”, a traição) é tão comum que pessoas se sentem envergonhadas por você quando você se diz contra isto. O comediante Jerry Seinfeld deu fama à expressão “não que tenha algo de errado com isto”, referindo-se ao homossexualismo, mas agora a frase poderia ser o lema da nossa geração em relação a quase tudo. Sei que existe uma solução simples para estas formas de entretenimento—não assisti-las. Infelizmente, como já disse, não é só na mídia que estas barreiras estão desmoronando.

Há alguns anos, estava no aeroporto de uma cidade norte-americana, e escutei, pasmo, a conversa de duas mulheres já adultas (na casa dos quarentas). Uma delas, sem piscar, usou quase todos os palavrões principais do inglês em apenas algumas frases, e outra, sem piscar, aceitou. E ela não estava nervosa! Aparentemente, é assim mesmo que ela falava! E aqui no Brasil, não sei quantas vezes participei de conversas, até com irmãos em Cristo, onde soltou-se um palavrão ou outro naqueles momentos de alta animação. (Dos termos “pô” e “putz”, nem se fala—é comum ouvir isto na conversa de jovens e adultos.) Seja nos Estados Unidos, ou aqui no Brasil, vemos mais e mais exemplos de pessoas que permitem estas formas de discurso e de comportamento em situações sociais que antes eram seguras. É alarmante ver o que as pessoas colocam no Facebook ou no Orkut, tanto nos posts da sua página como os links para outro conteúdo. Pessoas estão publicando coisas que outrora se sentiriam envergonhados de até pensar. E não há censura que nos proteja das pessoas com quem nos deparamos no cotidiano.

Deus perguntou do seu povo o seguinte: “Ficarão eles envergonhados da sua conduta detestável? Não, eles não sentem vergonha alguma, nem mesmo sabem corar” (Jr 6.15; 8.15). No contexto, Deus estava falando de outro pecado, mas o que é poderoso sobre este versículo é a ideia que estas pessoas estavam fazendo algo “detestável” a Deus, e mesmo assim não ficaram envergonhados, e nem ao menos sabiam corar! Completamente sem vergonha!

Será que a situação atual é diferente? Nós estamos expostos. Nossa consciência coletiva social está num beco, ferida e sangrando, se não estiver morta. E  estamos tão acostumados com isto que nem ao menos conseguimos corar. De fato, a vergonha sumiu do nosso meio.

Houve uma época na história humana na qual a falta de vergonha era uma coisa boa. Considere a falta de vergonha de Adão e Eva no Jardim do Éden. Eles estavam completamente—física e espiritualmente—nus; expostos, um diante do outro, e também diante de Deus, e eles “não sentiam vergonha” (Gn 2.25). Quando mudou tudo isto? No momento em que desobedeceram a Deus. Eles viram imediatamente que estavam nus, e se esforçaram para esconder a nudez, tanto um do outro (com roupas), como também de Deus (se escondendo) (Gn 3.6, 7, 10). A verdade é que, agora, na nossa condição atual de pecadores em um mundo amaldiçoado pelo pecado, só existem duas situações nas quais não sentiremos vergonha: quando não temos culpa, ou quando somos tolos o suficiente para não admitir a nossa culpa. Na primeira situação, não sentimos vergonha porque não temos feito nada de errado (Falo de não ter culpa de algum pecado individual específico, e não de pecado no sentido geral. Por exemplo, a pessoa que obedece o limite de velocidade não precisa frear quando vir o radar.) Na segunda situação, simplesmente não nos interessa. É uma tolice, pois agimos como o tolo, que não reconhece a existência de Deus, e portanto não admite que exista alguém a quem deve prestar contas (Sl 14.1).

Vejam só que interessante: Deus, de fato, nos chama para não termos vergonha! É sério—Ele quer que falemos sem vergonha do Seu evangelho (Rm 3.16); que acreditemos nEle sem vergonha (Rm 10.11); que soframos por Ele sem vergonha (1 Pe 4.16); e que acreditemos e esperemos sem vergonha pela volta de Cristo (1 Jo 2.28)! Naturalmente, isto é o primeiro tipo de falta de vergonha—o tipo que procede da falta de culpa. E é necessário acrescentar que esta falta de culpa só vem por meio de Jesus Cristo; somos incapazes de alcançá-la sozinhos. Esta falta de vergonha para qual Deus nos chama não ignora os princípios de Deus, mas as defende! O Seu constante chamado para a santidade, como o Seu plano para oferecer a santidade aos ímpios por meio da fé em Jesus Cristo, é a Sua maneira de nos dar uma vida sem vergonha.

Você se espanta com a falta de vergonha da nossa geração? Então está na hora de responder com uma falta de vergonha santa! Acredite em Deus e Jesus Cristo sem vergonha, espere por Sua volta sem vergonha, proclame Sua mensagem sem vergonha, e até sofra sem vergonha a perseguição daqueles que não aceitam Sua mensagem!

Afinal de contas, esta é a mensagem de Cristo: que, por meio dEle, podemos ser transformados da sem-vergonhice do pecado para a obediência sem vergonha diante de Deus.

“Antes vocês estavam separados de Deus e, em suas mentes, eram inimigos por causa do mau procedimento de vocês.Mas agora ele os reconciliou pelo corpo físico de Cristo, mediante a morte, para apresentá-los diante dele santos, inculpáveis e livres de qualquer acusação…” (Cl 1:21–22)

Cerimônias Perfeitas. Casamentos Imperfeitos.

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Eu adoro a linguística. Eu gosto da clareza que ela traz àquelas coisinhas inexplicáveis do uso cotidiano da linguagem. Mais eu gosto dela mais ainda quando nos ajuda a entender algo que não é relacionado à linguagem.

Considere as palavras perfeito e imperfeito.

No cotidiano, usamos “perfeito” para significar algo completo, inteiro, ou sem falhas; por outro lado, entendemos “imperfeito” como algo incompleto ou falho.

Mas na linguística, estas palavras explicam aspectos de tempo em certas situações. Conhecemos bem estes aspectos na língua portuguesa. O perfeito descreve uma ação completa. “Eu comi o bolo”. Já o imperfeito descreve uma ação contínua ou habitual. “Eu comia bolo”. Entendemos a ideia do hábito de comer bolo; uma coisa que aconteceu mais de uma vez.

Eu pensei destes aspectos da linguística quando li sobre a notícia mais recente que reflete a grave realidade do casamento moderno: no dia 31 de outubro, Kim Kardashian abriu o processo de divórcio contra o seu marido de apenas 72 dias, Kris Humphries.

O dia do seu casamento opulento e a brevidade do seu tempo de casados refletem uma tendência na cultura ocidental. Em agosto, a mídia só falava deste casamento, relatando os milhões (na faixa de $10-$20 milhões de dólares) que foram gastos para fazer um casamento “perfeito”. E não é só coisa de celebridade! Mais e mais, o custo do casamento está subindo no Brasil. E a experiência nos diz que não é apenas que os preços das coisas que os noivos precisam estão subindo, mas que o número de coisas que as pessoas querem para fazer o casamento “perfeito” está aumentando.

Sem perceber, os casais estão vendo o casamento como se fosse algo vivido no aspecto perfeito—como se a cerimônia, um evento que acontece e se completa em um determinado dia, fosse tão importante quanto o casamento, a união que deveria perdurar, e que só se completa no final de uma vida juntos. Existe um ditado popular em inglês que diz, “as bodas não fazem um casamento”. Ou seja, o casamento é mais do que uma cerimônia.

Enquanto o número de cerimônias “perfeitas” aumenta, também cresce o número de casamentos breves e “imperfeitos” (falidos). O número das separações e dos divórcios continua crescendo a cada ano. Sabemos por experiência pessoal, que muitos casamentos a nossa volta acabam em separação e divórcio.

Precisamos, desesperadamente, fugir da ideia da “perfeição” em relação ao casamento. Você não terá o namoro “perfeito”, nem achará o cônjuge “perfeito”, nem poderá ter a cerimônia “perfeita”, e certamente não terá um casamento “perfeito”. Todas estas ideias são fruto da propaganda de um mundo menos que perfeito que produz casamentos dos contos de fada que terminam em desastre (se lembra da princesa Diana?).

Isto não significa que não podemos ter um namoro abençoado, um cônjuge abençoado, uma cerimônia abençoada, e um casamento abençoado. Quanto mais cedo nós entendermos que vivemos num mundo imperfeito e pecaminoso, mais cedo reconheceremos que a nossa única esperança de alcançar companheirismo, amor, e intimidade duradoura dentro do casamento será em viver as nossas vidas imperfeitas em casamentos imperfeitos (contínuos, constantes), enquanto lutamos para trazer ao centro das nossas vidas a única perfeição que conhecemos—Jesus Cristo.

Enquanto a sociedade se empenha para ter cerimônias “perfeitas” e continua produzindo casamentos “imperfeitos”, a tendência bíblica é de lutar por cerimônias no aspecto perfeito, e viver a perfeição de Cristo por meio dos nossos casamentos imperfeitos.

Sentindo o Impacto

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As más notícias chegam depressa.

Quase no mesmo momento que a costa leste estadunidense sentiu o impacto do terremoto do dia 24 (agosto 2011), outros já estavam lendo sobre ele, e não necessariamente pelos canais de notícias. Em meio às coisas normais que pessoas fazem nessas ocasiões—procurar abrigo, procurar membros da família, entrar em pânico—muitos acharam tempo para atualizar o seu perfil no Facebook ou no Twitter para dar ao resto do mundo um relato de último instante do que estava acontecendo.

Hoje em dia, qualquer notícia chega depressa. Das coisas importantes às coisas mais corriqueiras, milhões de pessoas tem acrescentado à sua rotina o conceito de botar a boca no trombone virtual, anunciando qualquer coisa que estiver acontecendo. Me lembra um tirinha de Calvin e Haroldo, na qual o Calvin anuncia as suas atividades aos berros enquanto passa pela casa.

Bem parecido, não?

Mas voltando ao terremoto…

Eu estive num terremoto certa vez, em 1995, quando visitava amigos na Costa Rica. Nem lembro quanto mediu na escala Richter, mas não foi pouca coisa. Os danos foram poucos, mas era o assunto de todos na igreja naquela noite. Mesmo quando bombardeados pelas coisas corriqueiras o dia todo, quando algo GRANDE acontece, nós queremos falar para as outras pessoas. Bom ou ruim, nós o compartilhamos, e se ouvirmos falar de algo GRANDE, passamos a notícia adiante. Twitter é apenas uma voz digital para algo que nós humanos já fazemos há séculos.

A grande pergunta é esta: de todas as coisas que já aconteceram com você, ou que estão acontecendo agora, ou que ainda acontecerão, há algo MAIOR do que o impacto que Deus tem na sua vida? Há algo PIOR do que a nossa condição pecadora, ou algo MAIOR que o Seu amor, ou algo MAIS INCRÍVEL que o sacrifício de Jesus em nosso lugar?

Se você já sentiu o impacto de conhecer e ser conhecido pelo Criador do Universo por um relacionamento pessoal com Seu Filho, Jesus Cristo, há algo mais digno de ser anunciado?

As más notícias chegam depressa.

As Boas Novas precisam chegar ainda mais depressa.

Quando Deus Faz Uma Lista…

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Geralmente nós fazemos listas para esboçar o que é importante, seja para nós mesmos, ou para outra pessoa. Fazemos listas de compras para ter um resumo daquilo que precisamos comprar; professores fazem listas de materiais necessários para os alunos; patrões fazem listas de regulamentos para o trabalho a ser feito. Enfim, fazemos listas para resumir o que é importante.

Imagine se Deus fizer a lista, então. Quando Deus faz uma lista, é porque Ele está nos dando, em forma resumida, o que Ele quer que façamos (ou não façamos). Quando você acha uma lista na Bíblia, é Deus falando, “Olha, só para você não ter dúvida do que estou falando, você resumir para você”. Abaixo nós temos algumas listas importantes da Bíblia que podem nos ajudar a avaliar se nossas prioridades se enquadram nas prioridades de Deus. As listas estão na ordem que se encontram na Bíblia.

Os Deis Mandamentos (Êxodo 20.1-19; Deuteronômio 5.6-21). Só porque estamos sob a graça, não significa que esta lista foi anulada. Jesus veio e cumpriu esta lei, e até aumentou o grau da nossa obediência (leia Mt 5.21-29 se tiver alguma dúvida sobre isto). O importante é lembrar que a obediência à lei não nos salva; nós somos salvos para poder obedecê-la.

  1. Eu Sou o SENHOR, o teu Deus. Não terás outros deuses além de mim.
  2. Não farás para ti nenhum ídolo
  3. Não tomarás em vão o nome do SENHOR, o teu Deus
  4. Lembra-te do sábado, para santificá-lo
  5. Honra teu pai e tua mãe
  6. Não matarás
  7. Não adulterarás
  8. Não furtarás
  9. Não darás falso testemunho contra o teu próximo
  10. Não cobiçarás (a mulher do teu próximo, e nada o que pertença a teu próximo)

As Coisas que Deus Odeia (Provérbios 6.16-19). Para Deus, que é a definição da perfeição e santidade, todo pecado é abominável. Mas Deus resolveu incluir, no livro de Provérbios, uma lista das coisas que Ele mais odeia. É interessante ver os conceitos ligados às partes do corpo (olhos, pés, mãos, etc.) e também que a falsidade é mencionada duas vezes. Em cada caso, o pecado é representado por algo ou alguém. Deus odeia:

  1. O orgulho (olhos altivos)
  2. A falsidade (língua mentirosa)
  3. A violência contra os inocentes (mãos que derramam sangue inocente)
  4. A perversidade (coração que traça planos perversos)
  5. A propensão à maldade (pés que se apressam para fazer o mal)
  6. A falsidade, neste caso no aspecto jurídico (a testemunha falsa que espalha mentiras)
  7. A discórdia (aquele que provoca discórdia entre irmãos)

Os Abençoados por Deus (Mateus 5.3-11; Lucas 6.20-22). Na verdade, a palavra “abençoado” ou “bem-aventurado” traduz uma palavra grega que significa “feliz” (leia mais sobre isto no post, “Pessoas Verdadeiramente Felizes“). No famoso sermão do monte, Jesus estava dizendo às pessoas que poderiam ser verdadeiramente felizes se adotassem as prioridades de Deus ao invés de experimentar a felicidade passageira das prioridades da sociedade.

  1. Aquele que é pobre, mas piedoso
  2. Aquele que é triste, mas esperançoso do conforto de Deus;
  3. Aquele que é manso;
  4. Aquele que tem fome e sede por justiça;
  5. Aquele que é misericordioso;
  6. Aquele que é puro de coração;
  7. Aquele que é um pacificador;
  8. Aquele que é perseguido e falsamente acusado por seguir a Deus.

A Lista Mais Resumida (Mateus 22.36–40; Marcos 12.29–31; Lucas 10.26–28) Jesus disse três coisas muito importantes sobre esta lista de mandamentos. Em Mateus Ele disse, “Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas” (22.40). Em Marcos disse, “Não existe mandamento maior do que estes” (12.31). Em Lucas, falou àquele que perguntou como poderia ter a vida eterna, “Faça isso, e viverá” (10.28). A lista consiste em duas coisas, mas duas coisas MUITO, MUITO importantes:

  1. Amar a Deus (“de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento”)
  2. Amar ao próximo (a princípio, este mandamento falava que deveríamos amar ao próximo “como a nós mesmos”; mas Jesus mudou o mandamento quando falou aos seus discípulos para amar “como Ele nos amou”; cf. João 13.34)

As Obras da Carne (Gálatas 5.19-21). Mais uma vez, temos uma lista de coisas que Deus não quer na nossa vida. Observe que esta lista é de “obras”, e é uma lista negativa. Isto é interessante porque muitas pessoa põem uma ênfase muito grande nas obras como o meio da salvação, e Deus é bem claro que elas não servem para isto (Ef. 2.8, 9). Outra coisa é que uma obra é uma ação, produto da nossa volição; em outras palavras, queremos fazer, portanto fazemos. Isto entrará em contraste com “os frutos” da próxima lista, pois “fruto” é um resultado espontâneo e natural. Os frutos produzem obras boas, sim, mas a simples presença do Espírito Santo produz fruto na nossa vida. (Há algumas divisões temáticas naturais na lista, portanto estão separados para destacar estes temas.)

Relacionamentos carnais

  1. imoralidade sexual
  2. impureza
  3. libertinagem

Relacionamento com Deus

  1. idolatria
  2. feitiçaria

Relacionamento com os outros

  1. ódio
  2. discórdia
  3. ciúmes
  4. ira
  5. egoísmo
  6. dissensões
  7. facções
  8. inveja

Excessos

  1. embriaguez
  2. orgias
  3. e coisas semelhantes

O Fruto do Espírito (Gálatas 5.22, 23). Como vimos na lista anterior, em contraste às “obras da carne”, Paulo fala do fruto do Espírito. Estas coisas não são apenas agradáveis a Deus, mas são marcas da pessoa verdadeiramente salva (na qual o Espírito habita). A ausência prolongada e constante destas coisas pode muito bem indicar alguém que não conhece a Cristo verdadeiramente.

  1. amor
  2. alegria
  3. paz
  4. paciência
  5. amabilidade
  6. bondade
  7. fidelidade
  8. mansidão
  9. domínio próprio

Se pensarmos bem sobre estas listas de Deus, nós teremos uma boa ideia das prioridades dEle para as nossas vidas.

Pessoas Verdadeiramente Felizes

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Muitas pessoas querem a felicidade. A sociedade fala de muitas maneiras que você pode ser verdadeiramente feliz, muitas vezes por meio de mensagens conflitantes. Para ver um exemplo disto, basta examinar quantas mensagens lemos ou ouvimos que falam de fazer o que é bom para você; você é a chave da sua própria felicidade; as coisas devem ser da maneira que você quer, no seu tempo, e outras mensagens igualmente individualistas (egoístas); ao mesmo tempo nós lemos e ouvimos o quanto precisamos um do outro para a vida realmente funcionar. Podemos ver traços do princípio mais básico da interação “eu com o meu próximo”: “Faça aos outros o que quer que façam com você” — a regra de ouro — e mesmo assim o princípio parece ter um lado egoísta, e acaba parecendo mais: “Faça tudo que for necessário para ser feliz; e ah, se você por acaso fizer algo bom para alguém — parabéns!”

A Bíblia, de fato, tem algumas formulas bastante claras para obter a felicidade. Em algumas versões, elas ficam um pouco escondidas pelas palavras usadas na tradução. A palavra hebraica ‘esher, e a palavra grega makarios ambas contêm a mesma ideia: a felicidade. Já que muitas vezes elas falam da felicidade que vem como resultado do favor de Deus, geralmente são traduzidas como “abençoado” ou “bem-aventurado.” Não estou dizendo que isto é incorreto; estou sugerindo que você leia “bem-aventurado” nestes contextos com um fator adicional: pense “felicidade”! Senão, você perderá esta nuance importante quando ler a palavra “bem-aventurado.” (Observação: nem todo “bem-aventurado” ou “abençoado”, ou suas variações em português, podem se lidos assim, pois estes termos traduzem outras palavras do hebraico e grego também. Refiro-me especificamente às duas palavras acima, ambas traduzidas “bem-aventurado” nos exemplos abaixo.)

Nos próximos exemplos, a palavra “bem-aventurado” poderia ser traduzida, “Ah, a felicidade daquele que…” ou “Como é excessivamente feliz aquele que…” O meu propósito não é mudar as palavras que você lê, mas adicionar o fator da “felicidade” sugerido nestes versículos. Deus está dizendo, “Eis o que vocês podem fazer para serem pessoas verdadeiramente felizes!” Considere: Deus não só nos criou, como também criou a capacidade de experimentar e sentir a felicidade. Isto faz dEle uma autoridade no assunto, então vale a pena parar e ouvir o que Ele tem a dizer.

Deus diz que há felicidade para a pessoa:

  • Que não associa-se ou ouve pessoas ímpias, mas que deleita-se constantemente na Palavra de Deus. (Sl 1.1, 2)
  • Que não oculta pecados pessoais, e experimenta o perdão de Deus. (Sl 32.1, 2)
  • Que faz parte do povo escolhido de Deus. (Este versículo fala especificamente de Israel, mas sabemos que cristãos do Novo Testamento também tem uma posição semelhante como “povo escolhido”; cf. 1 Pe 2.9). (Sl 33.12)
  • Que experimenta Deus e encontra abrigo nEle. (Sl 34.8)
  • Que confia em Deus e não procura ajuda entre os ímpios. (Sl 40.4)
  • Que cuida das necessidades dos pobres (inclui uma promessa de livramento na hora da tribulação). (Sl 41.1)
  • Que é escolhido por Deus, e permitido viver na Sua presença. (Sl 65.4)
  • Que se fortalece em Deus, e deseja estar na na Sua presença. (Sl 84.5)
  • Que confia em Deus como soberano sobre todas as coisas. (Sl 84.12)
  • Que adora a Deus, experimentando o Seu favor (Sl 89.15)
  • Que deleita-se em obedecer a Deus (guardando os seus mandamentos). (Sl 112.1)
  • Que é um seguidor obediente e leal de Deus (guardando os seus mandamentos). (Sl 128.1)
  • Que escuta a sabedoria continuamente. (Pv 8.34)
  • Que vive as prioridades de Deus: que é pobre, mas piedoso; é triste, mas esperançoso do conforto de Deus; é manso; que tem fome e sede por justiça; é misericordioso; é puro de coração; é um pacificador; é perseguido e falsamente acusado por seguir a Deus. (Mt 5.3-11; Lc 6.20-22)
  • Que não é ofendido por causa de Jesus Cristo (no contexto, aquele que aceita a alegação de Jesus de ser o Messias). (Mt 11.6; Lc 7.23)
  • Que coloca o dar acima do receber. (At 20.35)
  • Cujos pecados são perdoados pela graça por meio da fé, e não das obras (cita Sl 32.1-2). (Rm 4.8)
  • Que persevera em todo tipo de tribulação (inclui uma promessa do galardão da coroa da vida). (Tg 1.12)
  • Que está alerta e pronto para a segunda vinda de Cristo. (Ap 16.15)
  • Que guarda as palavras profetizadas no livro de Apocalipse. (Ap 22.7)

Esta não é uma lista exaustiva, mas inclui a maioria das referências à felicidade. Se analisar quem Deus considera feliz, chegará a conclusão de que:

A pessoa verdadeiramente feliz
acredita em Deus (da Bíblia),
acredita e ama Sua Palavra,
acredita no Seu Filho,
confia na Sua provisão,
acredita na Sua salvação (e no Seu perdão),
obedece Seus mandamentos,
e vive as Suas prioridades.

Por mais resumida que seja esta lista, poderíamos resumir mais ainda. Se tomar um passo para trás e entender a inteireza da revelação de Deus ao homem, pode se dizer que a verdadeira felicidade vem de entender o seu lugar na existência que Deus criou para Sua glória. É por isto que Deus pôde resumir tudo que Ele diz ao homem em duas declarações simples:

Ame a Deus
Ame ao próximo

Faça isto, e você será verdadeiramente “bem-aventurado” — quer dizer, feliz.