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Existe uma cultura de vítima bem forte na sociedade do século XXI. Pessoas adultas justificam decisões erradas por serem vítimas de como foram criadas; os pais que as criaram por serem vítimas de situações socioeconômicas fora do seu controle; o ladrão por ser vítima da opressão; os opressores por serem vítimas de forças maiores ainda…e assim por diante. Não é nada novo: no Éden, Adão apontou para Eva e Eva para a serpente, tudo para dizer que as circunstâncias os levaram ao pecado. Mas a Bíblia ensina que a dinâmica é outra: as nossas ações, pecaminosas ou piedosas, partem do nosso coração; as circunstâncias simplesmente as trazem à tona. A boca fala do que está cheio o coração (Mt 12.34b).
Leia 2 Reis 6.24 – 7.20. Nesse texto há uma história muito interessante—e um tanto sinistra—que ilustra como corações podem responder diferentemente às mesmas circunstâncias. A situação para todos era a mesma: o rei da Síria mobilizou os seus exércitos contra Israel, cercando a capital de Samaria, causando uma grande fome. Aconteceu durante o tempo do reino dividido e o rei Jorão, como todos os reis do norte, continuava na desobediência contra Deus. O ataque da Síria era consequência nacional do pecado do povo.
Podemos observar as reações de cinco pessoas (ou grupos de pessoas). Jorão sentiu-se desamparado por Deus, e respondeu com desesperança, questionando a salvação de Deus. Aparentava contrição pelo saco de pano que vestia, mas prometeu matar Eliseu, que via como responsável pela miséria. O povo demonstrou-se disposto a explorar um ao outro com preços exorbitantes. No seu desespero, pessoas estavam apelando ao canibalismo e trapaças. O oficial do rei questionou as palavras esperançosas do profeta com descrença e sarcasmo. Os leprosos a princípio demonstraram um desespero mórbido (“vamos escolher onde vamos morrer”), e egoísmo quando primeiro encontraram o acampamento vazio. Mas tiveram um momento de lucidez altruísta, e apesar de serem rejeitados da sociedade, voltaram à cidade para informá-los do miraculoso esvaziamento do acampamento sírio. Por fim, o profeta Eliseu demonstrou uma segurança nas palavras que proferia, pois vinham de Deus. Também demonstrou autoridade, tanto ao dar palavras esperançosas, como ao pronunciar juízo.
O que devemos fazer com uma história como essa? Convém lembrar que faz parte de um contexto maior da história trágica de Israel e sua eventual ruína; não é uma história isolada, mas parte de um ciclo de decisões erradas dos reis e do povo. Podemos examiná-la como laboratório para entender um pouco mais do coração humano, e extrair alguns princípios importantes para o nosso contexto no século XXI.
Precisamos perguntar “o quê?”, não “por quê?” Hoje não temos a presença dos profetas com mensagens específicas acerca do juízo de Deus. É intrínseco ao ser humano querer saber a causa do sofrimento, mas biblicamente não é essencial entender o porquê. Devemos tratar todas as circunstâncias como tendo um objetivo, de entender o que está em nosso coração: “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece as minhas inquietações. Vê se em minha conduta algo que te ofende, e dirige-me pelo caminho eterno” (Sl 139.23, 24). A pergunta mais importante se torna: Quais são minhas circunstâncias? O que está acontecendo em minha vida, positiva ou negativamente? Este entendimento levará às perguntas corretas acerca da nossa reação às circunstâncias.
Precisamos entender que circunstâncias não determinam ações, mas revelam intenções do coração. Será que não havia muitas outras mulheres famintas ali que não estavam matando e comendo seus filhos? Por que duas delas chegariam a cogitar, quanto mais cometer, esse ato hediondo? O que leva um cidadão em época de crise a trabalhar mais e outro a roubar? A ciência explica que quando todas as condições de experimento são os mesmos, o resultado deveria ser o mesmo: mas como explicar essas diferenças? A Bíblia responde: a variável é o coração. As circunstâncias não determinam as ações; elas revelam os desejos e as intenções do coração.
Você está usando as circunstâncias que vive como oportunidades para entender o que está em seu coração? Está usando-as para reconhecer pecados que causam ou dificultam as circunstâncias? Ou para discernir suas respostas pecaminosas ou piedosas diante das situações que estão fora do seu controle? Do que está cheio o seu coração?
A dinâmica de entender como suas circunstâncias expõem os desejos e as intenções do seu coração é fundamental para o seu crescimento espiritual. Faça o seguinte exercício com o intuito de conhecer melhor o seu coração.
Tenho uma visão clara das minhas circunstâncias? Em uma folha, descreva as circunstâncias nas quais você se encontra. Tente ser objetivo, citando detalhes factuais e não interpretativos. (Ex.: “Fulano falou isso para mim” em vez de “Fulano pensa que…”; você não tem como saber os pensamentos dos outros sem que eles lhe falem.)
A minha situação está expondo algum pecado claro? Isso pode ser pecado que levou à situação, ou respostas pecaminosas, pessoais ou de outras pessoas. Onde há pecado, há princípios bíblicos para lidar com o pecado. O princípio que rege na confrontação do pecado é o estar ciente dele:
Você está ciente de um pecado seu contra alguém? Vá e reconcilie-se (Mt 5.23, 24)!
Você está ciente de um pecado de alguém contra você? Vá e mostre-lhe o erro (Mt 18.15-17)!
Você está ciente de um pecado de algum irmão? Vá e corrija-o (Gl 6.1)!
Quando pecado é evidente, o cristão ciente toma a frente.
Tenho maturidade para discernir as minhas respostas às circunstâncias? Você tem conhecimento suficiente da Palavra para discernir entre respostas piedosas e pecaminosas? Trace duas colunas (respostas bíblicas/respostas pecaminosas) e aliste como você tem respondido à sua situação.
Tenho humildade para me submeter à igreja de Cristo? A Bíblia ensina que nenhum cristão é agente livre; devemos viver dentro do contexto bíblico da igreja local para crescer no entendimento e na aplicação das Escrituras. Você está disposto a se submeter à prestação de contas para outro irmão em Cristo? Você está ajudando outros com as respostas deles às circunstâncias?
“Não fazemos bem; este dia é dia de boas novas, e nós nos calamos” (2 Rs 7.9). Lidar com pecado é chato, mas necessário. Mas nem tudo é má notícia. Temos as melhores notícias possíveis: aquele que crê no evangelho reconhece o seu pecado e a solução completa para o pecado, a morte de Jesus Cristo! Se você, como os leprosos, já saiu para o acampamento inimigo e descobriu a grande vitória de Deus em seu favor, o que você está fazendo para informar aqueles que continuam sofrendo o cerco do pecado?
Dia 1
2 Reis 6.24 – 7.20
Dia 2
Jeremias 17.5-10
Dia 3
Deuteronômio 8.1-20
Dia 4
Salmo 139.23, 24
Dia 5
Mateus 12.33-37
Dia 6
Tiago 3.1-12
Dia 7
Provérbios 4.23




