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JOÃO 18.1-11
Depois de alguns meses estudando outros textos bíblicos, retomamos a nossa macrossérie “Podes Crer”, onde estudamos o evangelho de João. Fizemos uma breve revisão do propósito do livro, os sinais miraculosos vistos nos primeiros 11 capítulos, os discursos de “Eu Sou”, por fim chegando à oração de Jesus no cap. 17, onde paramos em outubro. Para organizar o nosso estudo, adotamos as divisões sugeridas pelo autor Merrill C. Tenney. A transição do cap. 17 para o cap. 18 marca a conclusão do “período de conferência” (onde Jesus falava apenas com os Seus discípulos) e o início da penúltima divisão do evangelho, o “período de consumação”.
O texto de domingo, João 18.1-11, é apenas uma breve introdução à nova minissérie, “Rei dos Réus”, que estuda o processo de traição, prisão e julgamento que culmina na crucificação de Jesus. Esse trecho é uma narrativa, ou seja, conta uma história; tem o propósito principal de transmitir uma sequência de eventos. Sendo assim, não é, primeiramente, um texto para ensinar uma doutrina, ou de aplicação simbólica ou alegórica. Mas, como vimos pelo texto de 1 Pedro 2.18-25, esses eventos são de grande importância pelo que demonstram acerca do exemplo de Cristo, especialmente no que diz respeito ao sofrimento injusto.
O relato de João quanto à traição de Judas e prisão de Jesus é resumida se comparada aos outros evangelhos, pois ele tem um propósito diferente dos outros evangelistas. Sob a inspiração do Espírito Santo, ele relata apenas aqueles fatos que contribuem para demonstrar que “Jesus é o Cristo, o Filho de Deus” (20.31). Comparamos o relato de João com o relato dos outros evangelistas numa linha do tempo para demonstrar as semelhanças e diferenças, e o que elas contribuem para esse propósito do evangelho.
Observamos que, por meio da sua narrativa seletiva, João revisitou os temas da deidade e submissão de Jesus. Sua deidade e autoridade são vistas quando sua simples afirmação aos guardas, “sou eu” (mais um ego eimi), os fez cair por terra. Mesmo assim, mostrou-se submisso ao plano de Deus quando repreendeu Pedro pela sua violência e entregou-se aos guardas. Também demonstrou Sua obediência à vontade de Deus quando pediu que deixassem ir os Seus discípulos, pois o plano do Pai era que nenhum deles se perdesse (6.38-39).
A aplicação espiritual de um texto como esse pode ser difícil. Devemos lutar contra a tendência comum de procurar significados ocultos e místicos, alegorizando as partes literais para dar um sentido que transcende as palavras escritas. O significado do texto de Jo 18.1-11 é bem simples: Jesus foi para um olival do outro lado do Cedrom com os onze discípulos e Judas veio com uma multidão (um “destacamento” podia ser até 600 soldados!) para prendê-Lo. A única palavra figurada é o “cálice” (v. 11), pois obviamente não se refere a um copo que estava fisicamente presente. Podemos facilmente comparar com os outros evangelhos para entender que o “cálice” representa a crucificação, ou de forma geral, a vontade de Deus que culmina na crucificação.
Como podemos aplicar isso à nossa vida espiritual? Na mensagem de domingo observamos uma possibilidade. Na primeira carta de Pedro, ele fala muito sobre sofrimento. De fato, ele usa o termo traduzido por “sofrer” mais do que qualquer outro livro do Novo Testamento. No texto que lemos, 1 Pe 2.18-25, quando ele dá instruções aos escravos que talvez sofriam injustamente sob mestres maus, ele aplica justamente o sofrimento injusto de Jesus. Ou seja, ele aponta para os eventos relatados em textos sobre a traição, a prisão, o julgamento ilegal e a crucificação de Jesus para poder ensinar aos escravos sofredores que “Cristo sofreu no lugar de vocês, deixando-lhes exemplo, para que sigam os seus passos” (v. 21). O maltrato e sofrimento do único homem inocente a trilhar a face da terra é exemplo para nós quando sofremos diariamente.
Você está sofrendo? Que tipo de sofrimento (fisiológico, espiritual, social, econômico, relacional, etc.)? Esse sofrimento é, ou aparenta ser, injusto? Você está considerado o sofrimento de Jesus Cristo em meio ao seu sofrimento? Você está procurando entender como sua dor servirá para a glória de Deus, ou procura apenas aliviar dela? (Poderíamos até tomar emprestado uma ilustração do texto: está agindo como Pedro, que lutou violentamente contra o plano, ou como Jesus, que aceitou mansamente beber do cálice do sofrimento?) Como o seu sofrimento poderia ser usado para amadurecer o seu conhecimento pleno de Jesus Cristo? Como poderia ser usado para trazer outras pessoas para Cristo? [Se você não está sofrendo, como você poderia aplicar essas verdades ao sofrimento de alguém que você conhece?]
Essa aplicação ao sofrimento não é foco principal do texto de Jo 18.1-11, nem da história completa da crucificação. João conta os eventos da vida de Jesus com o propósito de apresentá-Lo como o Cristo, o Filho de Deus. O texto 1 Pe 2.18-25 demonstra apenas uma das muitas aplicações desses eventos à nossa vida espiritual. Pensando nisso, vamos considerar uma forma prática de seguir nos passos do sofrimento de Jesus e ao mesmo tempo conectar isso ao que temos estudado acerca da vida no corpo por meio da igreja local.
Não prive a igreja do seu sofrimento. A tendência de alguns é de esconder o sofrimento das outras pessoas, especialmente quando esse sofrimento está ligado a algum pecado pessoal. Deus não tencionou a vida em Cristo como uma existência individual: Ele coloca os salvos dentro do corpo, uma existência comunitária. Seu sofrimento serve para amadurecer o corpo à medida que o corpo age para amar, acolher, proteger, apoiar e ajudar o seu membro sofredor. Mas ela só pode agir à medida que seus membros interagem e se comunicam. Você está sofrendo? O corpo está ciente disso? Compartilhe a sua dor para que o corpo possa lhe ajudar e assim edificar-se por meio desse momento.
Não prive o sofredor da igreja. Toda moeda tem dois lados. Talvez você não esteja sofrendo por ora, mas será que você está ciente de algum membro que esteja sofrendo? A reação natural do corpo deveria ser de amar, acolher, proteger, apoiar e ajudar o seu membro sofredor. Isso se manifesta de muitas formas: ajuda prática e concreta (dinheiro, mantimentos, etc.), ajuda espiritual (conselhos bíblicos, discipulado); até mesmo a simples presença em momentos difíceis pode ser de grande benefício. Quem está sofrendo no corpo? O que você tem feito para ajudar essa(s) pessoa(s)?
O corpo não pode interagir com membros desconectados. É válido lembrar que Deus não constituiu um corpo pensando em mídias sociais digitais, mas na rede social mais natural: vida em comunidade da igreja local. A forma bíblica de sabermos do sofrimento alheio e ajudarmos como corpo é por meio da vida na igreja local. Se você sofre mas ninguém sabe, talvez seja porque você tem se distanciado da vida coletiva. Por outro lado, se alguém no corpo sofre e você não está ciente, pode ser porque você não esteja conectado e em sintonia com o resto do corpo. Conectividade digital não pode substituir o convívio presencial que Deus planejou.
Dia 1
João 18.1-11
Dia 2
Mateus 26.30-56
Dia 3
Marcos 14.26-52
Dia 4
Lucas 22.39-53
Dia 5
João 6.35-40; 17.12
Dia 6
1 Pedro 2.18-25
Dia 7
1 Pedro 4.12-18




