Sem Vergonha!

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Uma amiga nossa compartilhou um link hoje do noticiário norte-americano Fox News que fala a respeito de imagens pornográficas e ultraviolentas que andam aparecendo no Facebook. Várias pessoas relataram que ficaram envergonhadas ao acessarem a gigantesca rede social, pois tinha parentes por perto quando as imagens apareceram no seu computador. Este exemplo recente ressalta um problema maior na nossa cultura: a falta de vergonha. Os muros que serviam de barreira para proteger os inocentes da linguagem e do comportamento que outrora considerávamos inadequado para o público estão desmoronando. Em alguns lugares, estão caindo em ruínas por falta de cuidado; em outros, estão sendo demolidos por forças sociais—a garotada popular, as celebridades sem inibições, o preletor “iluminado”—destroçados e permitindo a entrada de toda espécie de mal nas situações que antes achávamos seguros.

Antigamente isto era uma coisa que falávamos sobre a TV ou o cinema. Desde o começo do entretenimento na telinha ou no telão, temos visto um declínio da moralidade e do discurso adequado. Profanidade, obscenidade, ódio, vingança, falta de perdão, e mentiras descaradas saturam o entretenimento de hoje. Sexo fora do casamento (o famoso “ficar”, a traição) é tão comum que pessoas se sentem envergonhadas por você quando você se diz contra isto. O comediante Jerry Seinfeld deu fama à expressão “não que tenha algo de errado com isto”, referindo-se ao homossexualismo, mas agora a frase poderia ser o lema da nossa geração em relação a quase tudo. Sei que existe uma solução simples para estas formas de entretenimento—não assisti-las. Infelizmente, como já disse, não é só na mídia que estas barreiras estão desmoronando.

Há alguns anos, estava no aeroporto de uma cidade norte-americana, e escutei, pasmo, a conversa de duas mulheres já adultas (na casa dos quarentas). Uma delas, sem piscar, usou quase todos os palavrões principais do inglês em apenas algumas frases, e outra, sem piscar, aceitou. E ela não estava nervosa! Aparentemente, é assim mesmo que ela falava! E aqui no Brasil, não sei quantas vezes participei de conversas, até com irmãos em Cristo, onde soltou-se um palavrão ou outro naqueles momentos de alta animação. (Dos termos “pô” e “putz”, nem se fala—é comum ouvir isto na conversa de jovens e adultos.) Seja nos Estados Unidos, ou aqui no Brasil, vemos mais e mais exemplos de pessoas que permitem estas formas de discurso e de comportamento em situações sociais que antes eram seguras. É alarmante ver o que as pessoas colocam no Facebook ou no Orkut, tanto nos posts da sua página como os links para outro conteúdo. Pessoas estão publicando coisas que outrora se sentiriam envergonhados de até pensar. E não há censura que nos proteja das pessoas com quem nos deparamos no cotidiano.

Deus perguntou do seu povo o seguinte: “Ficarão eles envergonhados da sua conduta detestável? Não, eles não sentem vergonha alguma, nem mesmo sabem corar” (Jr 6.15; 8.15). No contexto, Deus estava falando de outro pecado, mas o que é poderoso sobre este versículo é a ideia que estas pessoas estavam fazendo algo “detestável” a Deus, e mesmo assim não ficaram envergonhados, e nem ao menos sabiam corar! Completamente sem vergonha!

Será que a situação atual é diferente? Nós estamos expostos. Nossa consciência coletiva social está num beco, ferida e sangrando, se não estiver morta. E  estamos tão acostumados com isto que nem ao menos conseguimos corar. De fato, a vergonha sumiu do nosso meio.

Houve uma época na história humana na qual a falta de vergonha era uma coisa boa. Considere a falta de vergonha de Adão e Eva no Jardim do Éden. Eles estavam completamente—física e espiritualmente—nus; expostos, um diante do outro, e também diante de Deus, e eles “não sentiam vergonha” (Gn 2.25). Quando mudou tudo isto? No momento em que desobedeceram a Deus. Eles viram imediatamente que estavam nus, e se esforçaram para esconder a nudez, tanto um do outro (com roupas), como também de Deus (se escondendo) (Gn 3.6, 7, 10). A verdade é que, agora, na nossa condição atual de pecadores em um mundo amaldiçoado pelo pecado, só existem duas situações nas quais não sentiremos vergonha: quando não temos culpa, ou quando somos tolos o suficiente para não admitir a nossa culpa. Na primeira situação, não sentimos vergonha porque não temos feito nada de errado (Falo de não ter culpa de algum pecado individual específico, e não de pecado no sentido geral. Por exemplo, a pessoa que obedece o limite de velocidade não precisa frear quando vir o radar.) Na segunda situação, simplesmente não nos interessa. É uma tolice, pois agimos como o tolo, que não reconhece a existência de Deus, e portanto não admite que exista alguém a quem deve prestar contas (Sl 14.1).

Vejam só que interessante: Deus, de fato, nos chama para não termos vergonha! É sério—Ele quer que falemos sem vergonha do Seu evangelho (Rm 3.16); que acreditemos nEle sem vergonha (Rm 10.11); que soframos por Ele sem vergonha (1 Pe 4.16); e que acreditemos e esperemos sem vergonha pela volta de Cristo (1 Jo 2.28)! Naturalmente, isto é o primeiro tipo de falta de vergonha—o tipo que procede da falta de culpa. E é necessário acrescentar que esta falta de culpa só vem por meio de Jesus Cristo; somos incapazes de alcançá-la sozinhos. Esta falta de vergonha para qual Deus nos chama não ignora os princípios de Deus, mas as defende! O Seu constante chamado para a santidade, como o Seu plano para oferecer a santidade aos ímpios por meio da fé em Jesus Cristo, é a Sua maneira de nos dar uma vida sem vergonha.

Você se espanta com a falta de vergonha da nossa geração? Então está na hora de responder com uma falta de vergonha santa! Acredite em Deus e Jesus Cristo sem vergonha, espere por Sua volta sem vergonha, proclame Sua mensagem sem vergonha, e até sofra sem vergonha a perseguição daqueles que não aceitam Sua mensagem!

Afinal de contas, esta é a mensagem de Cristo: que, por meio dEle, podemos ser transformados da sem-vergonhice do pecado para a obediência sem vergonha diante de Deus.

“Antes vocês estavam separados de Deus e, em suas mentes, eram inimigos por causa do mau procedimento de vocês.Mas agora ele os reconciliou pelo corpo físico de Cristo, mediante a morte, para apresentá-los diante dele santos, inculpáveis e livres de qualquer acusação…” (Cl 1:21–22)

Maridos Perseguindo a Excelência

Como alguns sabem, eu morei vários anos nos estados unidos. Quando voltei para o Brasil, fiquei feliz em ver que muitos livros excelentes haviam sido, ou estavam sendo, traduzidos para o português, por editoras como a Fiel, NUTRA, Hagnos, entre outras. Fiquei decepcionado, no entanto, ao procurar entre os livros traduzidos qualquer material para maridos. Conhecia dois livros, “The Exemplary Husband” (O Marido Exemplar) de Stuart Scott, e “The Complete Husband” (O Marido Completo) de Lou Priolo, e ambos continuavam sem tradução. Não tinha ideia naquela época que eu estaria traduzindo livros futuramente. Foi pouco depois que eu conheci Pr. Jayro da editora NUTRA, e comentei que gostaria de ver estes dois livros em português. Como poderia saber que ele responderia (falando do livro do Lou Priolo), “Nós temos os direitos para publicar este livro”? Como poderia saber que algum tempo depois ele ofereceria para mim este projeto para tradução?

Em agosto do ano passado, eu contei como conheci o Lou Priolo durante uma das suas viagens ao Brasil. Falei da série de encontros desde de 2008 que levaram àquele ponto. Eu não sabia que quando conheci Pr. Jayro num elevador em St. Louis, nos EUA, em 2008, Deus me levaria por uma série de passos que chegariam ao ponto de traduzir este livro que queria tanto ver em português. Mas é o que aconteceu.

Na semana passada, a editora NUTRA lançou “Maridos Perseguindo a Excelência”, a tradução do “The Complete Husband” de Lou Priolo. Caro leitor, se você é um marido, esta leitura é obrigatória! Precisa estar nas estantes de qualquer pastor que queira ajudar os homens da sua igreja a serem maridos direcionados por Deus. Lamentei há cinco anos que este livro não existia em português. Hoje regozijo, pois, graças a Deus, está ao alcance do marido brasileiro! Que Ele operou para que eu participasse do lançamento deste livro na nossa língua é bênção sobre bênção. Espero que todos aproveitem bem as verdades que o Lou Priolo organiza tão bem no seu trabalho.

Cerimônias Perfeitas. Casamentos Imperfeitos.

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Eu adoro a linguística. Eu gosto da clareza que ela traz àquelas coisinhas inexplicáveis do uso cotidiano da linguagem. Mais eu gosto dela mais ainda quando nos ajuda a entender algo que não é relacionado à linguagem.

Considere as palavras perfeito e imperfeito.

No cotidiano, usamos “perfeito” para significar algo completo, inteiro, ou sem falhas; por outro lado, entendemos “imperfeito” como algo incompleto ou falho.

Mas na linguística, estas palavras explicam aspectos de tempo em certas situações. Conhecemos bem estes aspectos na língua portuguesa. O perfeito descreve uma ação completa. “Eu comi o bolo”. Já o imperfeito descreve uma ação contínua ou habitual. “Eu comia bolo”. Entendemos a ideia do hábito de comer bolo; uma coisa que aconteceu mais de uma vez.

Eu pensei destes aspectos da linguística quando li sobre a notícia mais recente que reflete a grave realidade do casamento moderno: no dia 31 de outubro, Kim Kardashian abriu o processo de divórcio contra o seu marido de apenas 72 dias, Kris Humphries.

O dia do seu casamento opulento e a brevidade do seu tempo de casados refletem uma tendência na cultura ocidental. Em agosto, a mídia só falava deste casamento, relatando os milhões (na faixa de $10-$20 milhões de dólares) que foram gastos para fazer um casamento “perfeito”. E não é só coisa de celebridade! Mais e mais, o custo do casamento está subindo no Brasil. E a experiência nos diz que não é apenas que os preços das coisas que os noivos precisam estão subindo, mas que o número de coisas que as pessoas querem para fazer o casamento “perfeito” está aumentando.

Sem perceber, os casais estão vendo o casamento como se fosse algo vivido no aspecto perfeito—como se a cerimônia, um evento que acontece e se completa em um determinado dia, fosse tão importante quanto o casamento, a união que deveria perdurar, e que só se completa no final de uma vida juntos. Existe um ditado popular em inglês que diz, “as bodas não fazem um casamento”. Ou seja, o casamento é mais do que uma cerimônia.

Enquanto o número de cerimônias “perfeitas” aumenta, também cresce o número de casamentos breves e “imperfeitos” (falidos). O número das separações e dos divórcios continua crescendo a cada ano. Sabemos por experiência pessoal, que muitos casamentos a nossa volta acabam em separação e divórcio.

Precisamos, desesperadamente, fugir da ideia da “perfeição” em relação ao casamento. Você não terá o namoro “perfeito”, nem achará o cônjuge “perfeito”, nem poderá ter a cerimônia “perfeita”, e certamente não terá um casamento “perfeito”. Todas estas ideias são fruto da propaganda de um mundo menos que perfeito que produz casamentos dos contos de fada que terminam em desastre (se lembra da princesa Diana?).

Isto não significa que não podemos ter um namoro abençoado, um cônjuge abençoado, uma cerimônia abençoada, e um casamento abençoado. Quanto mais cedo nós entendermos que vivemos num mundo imperfeito e pecaminoso, mais cedo reconheceremos que a nossa única esperança de alcançar companheirismo, amor, e intimidade duradoura dentro do casamento será em viver as nossas vidas imperfeitas em casamentos imperfeitos (contínuos, constantes), enquanto lutamos para trazer ao centro das nossas vidas a única perfeição que conhecemos—Jesus Cristo.

Enquanto a sociedade se empenha para ter cerimônias “perfeitas” e continua produzindo casamentos “imperfeitos”, a tendência bíblica é de lutar por cerimônias no aspecto perfeito, e viver a perfeição de Cristo por meio dos nossos casamentos imperfeitos.