Esse a ‘tem crase’?
Pergunta meio marota esta. Sim, porque o a não tem crase em lugar nenhum. Crase é o nome do fenômeno de fusão de dois aa. O acento grave, hoje, só se usa para indicar a crase; portanto, basta perguntar se o a tem acento grave.
A crase é um fenômeno que ocorre independentemente da nossa vontade. Quando alguém, inadvertidamente, não acentua o a craseado, isso não significa que o fenômeno deixou de ocorrer. O fenômeno ocorreu, apenas deixou de ser indicado. De outro lado, quando se coloca o acento no a desnecessariamente, não se indica absolutamente coisa nenhuma, porque, se o fenômeno não se dá, não será por nossa boa-vontade que ele forçosamente se dará.
(Luiz Antonio Sacconi, “Não Erre Mais” 28a edição, Ed. Harbra, p. 130)
Este artigo sobre a crase abriu os meus olhos para a perspectiva equivocada que muitos têm quanto à crase. Por mais interessante que seja, para muitos realmente não interessa se crase é acento ou fusão; vão continuar perguntando se o “a tem crase” de qualquer forma. Mas o que realmente me marcou sobre este artigo é um paralelo muito interessante que podemos fazer entre esta questão de gramática e a questão de casamento na sociedade moderna. Em muitos países, legisladores estão considerando, e até aprovando, leis que reconhecem como casamento a união de parceiros homossexuais. A pergunta que estão tentando responder é “este casamento é válido?” Eu digo que se aceitarmos a definição bíblica do casamento, esta pergunta faz tão pouco sentido quanto a pergunta sobre a crase.
Vejam só: se aceitarmos a Bíblia como a palavra de Deus (entenda—se você não aceita este ponto de partida, então o resto de argumento não fará a menor diferença), então Deus é o autor não só da criação, mas do homem, e do casamento. É o plano Dele para o relacionamento mais básico da humanidade; é átomo do qual a matéria da sociedade é formada. E quem define o que é um casamento é Deus, e Ele criou e instituiu uma união de um homem e uma mulher numa aliança para o resto das suas vidas mortais. Isto séculos antes de existir cartório algum para aprovar ou não um casamento. Como a crase tem uma definição no dicionário, o casamento tem sua definição na Bíblia. Se aceitarmos ou não, crase acontece ou não acontece, independentemente do nosso reconhecimento; se aceitarmos ou não, casamento acontece ou não acontece, independentemente do nosso reconhecimento (individual ou civil). Ou seja, não adianta perguntar se “o casamento homossexual é válido?” pois pela definição se é homossexual, nem seria casamento, muito menos válido.
E não é só união homossexual, não, viu? Existem muitas formas de união humana que faltam os elementos necessários para serem definidas como casamento, mesmo que sejam reconhecidas e aprovadas pela autoridades civis ou a sociedade. Existem outras que são irregulares perante a lei civil, mas mesmo assim constituem um casamento legítimo (Deus sendo acima de qualquer governo).
Temos que entender que se o nosso governo optar por reconhecer estas uniões, não estarão “mudando a definição do casamento” como alguns dizem; simplesmente estarão dando aprovação humana a uma união humana. Como também se a partir de hoje o governo anulasse todos os casamentos no cartório, estes não deixariam de ser casamentos! Por quê? Porque quem define isto é Deus, e não o ser humano.
Não será pela força de nossa vontade que o casamento vai mudar de definição. Como acontece em qualquer área da vida, o que muda é a nossa aceitação do plano de Deus. Da mesma forma que aqueles que usam o acento grave de forma incorreta cometem um erro de gramática; aqueles que definem o casamento à sua maneira cometem um erro: este erro também tem nome, queira ou não. Deus define isto como o pecado.
Agora, me ajudem com outra pergunta: Este gato na minha mão, é rottweiler ou pastor alemão?
