Uma coisa interessante da Bíblia é que temos poucos bons exemplos de pais. Pelo contrário, temos Adão, o primeiro pai, criando os filhos num mundo amaldiçoado pelo seu pecado contra Deus; temos Jacó mostrando preferência por José; ou Eli criando filhos que morreriam por causa da sua desobediência no sacerdócio. Interessante é que os melhores exemplos que temos–Abraão e José–não pareciam ser muito bons. Afinal de contas, Abraão quase matou o seu filho, e José . . . bom, José nem era pai do Filho que conhecemos tão bem. Mas estes dois se destacam para mim pela mesma característica: ambos colocaram sua obediência a Deus Pai acima de qualquer consideração.
No capítulo 22 de Gênesis, lemos que Deus mandou que Abraão sacrificasse seu filho Isaque. Era um pedido absurdo–sacrificar o filho que tanto queriam, e que Deus havia prometido e de maneira miraculosa dado a pais idosos. Um pedido absurdo, sim, mas com um propósito único: provar a fé de Abraão. O histórico de Abraão era de altos e baixos na fé, ora deixando tudo que conhecia pela fé, ora confiando na própria força, ou na própria astúcia. E não creio que a prova era para Deus ver a fé de Abraão, mas para nós, caros leitores. No meio de uma vida muito, mas muito humana, Abraão pôde se destacar como o pai que tinha tanta fé em Deus, que não pouparia nem o filho, acreditando que Deus poderia trazê-lo de volta à vida novamente. E por estranho que pareça, se Abraão não mostrasse esta disposição, não teria sido um bom pai para Isaque. Graças a Deus que Ele não pede este tipo de prova para nós hoje, mas a lição ainda vale: se vamos ser o melhor pai possível para os nossos filhos, Deus tem que estar em primeiro lugar.
Deus sabia que não iria deixar Abraão sacrificar Isaque, pois tinha planos de oferecer o seu único Filho, não só no lugar de Isaque, mas no lugar de todos nós. Para isto, Deus pediu a participação de um pai convidado–José. Para gerar um filho, Deus Pai não precisava de um pai humano, mas providenciou para Jesus um pai adotivo que o criaria para que crescesse “em sabedoria, estatura e graça diante de Deus e dos homens” (Lucas 2:52). Não pense que foi fácil, não. Já pensou? Ser noivo, feliz da vida com planos de casamento, e descobrir que sua noiva está grávida? E pior, ela está falando que é de Deus, com anjo como testemunha? Fazer o quê? Mas quando instruído pelo anjo do plano de Deus, José demonstrou que mesmo não sendo o genitor, obedeceria para pudesse ser o pai. Não temos mais da história dele, e mesmo assim, ele se destaca como sendo um bom exemplo para nós. Por quê? Porque ele se dispôs a fazer a vontade de Deus Pai.
A verdade é que a falta de bons exemplos, tanto na Bíblia quanto na vida, não nos impede de ser bons pais. Isto porque achamos o maior e melhor exemplo em Deus. Ele é pai primeiro por nos criar, mas já que nós nos separamos Dele pelo pecado, Ele escolheu ser nosso pai de outra maneira. Ele entregou o seu único Filho, Jesus Cristo, no nosso lugar, para nos reconciliar, nos adotando como filhos. Se nós colocarmos as nossas vidas como pais nas mãos deste Pai, seguindo os seus conselhos e obedecendo as Suas normas, não tem erro–nós vamos ser pais dignos de entrar na história ao lado de tais como Abraão e José.
Feliz Dia do Pais.
(Artigo no jornal IBABI em Foco, dia 8 de agosto, 2010)
