Fontes Confiáveis?

Aconteceu de novo. Estava conversando com alguém sobre uma coisa ou outra, e no meio da conversa, a pessoa me contou uma história que tinha recebido por email. Era mais uma daquelas histórias cheias de dificuldades que são superadas por uma série de eventos “milagrosos,” que termina com um final feliz. “Nosso Deus é grande, né? Só Ele para fazer coisas assim.”

Na verdade, na maioria dos casos, Deus tem pouco a ver com a história. Como sei disso? Em menos de dois minutos de busca na internet, a maioria das histórias recicladas por email podem ser confirmadas como verdadeiras ou desmascaradas como meros mitos. Dos mitos, alguns são histórias fictícias criadas para ensinar alguma lição. São contos inofensivos, contanto que sejam transmitidos e entendidos como ficção. Outros são histórias também fictícias, mas contadas como fato. A pesquisa rapidamente mostra que são apenas mitos reciclados desde antes da era do email. O mais recente, mencionado acima, circula desde 1954!

Já recebi muitos emails assim. Um dizia que existe um filme em produção que retrata homossexualismo na vida de Jesus; outro fala da atrocidade num país muçulmano, onde um menino tem o braço esmagado por um carro por roubar um pedaço de pão; e outro fala de um milagre que envolve a aparência de Jesus. Dois minutos de pesquisa, e descobri que o filme é um boato que circula desde 1984, e que não existe um filme destes em produção hoje. A “atrocidade” é uma série de fotos de um truque que pai e filho fazem juntos para ganhar dinheiro. O menino não é machucado. O outro circula há alguns anos, e os “fatos” da história mudam cada vez.

Porque isto vale menção no blog? Porque as pessoas que estão me enviando este emails estão enviando como se fossem fatos ocorridos. Dão até glória a Deus por tal milagre acontecido, mesmo quando o milagre não tenha nenhuma coerência com os ensinamentos básicos das Escrituras. Eu menciono aqui estas coisas para exortar os irmãos ao discernimento quando lendo estas histórias, e muito cautela ao decidir passá-las adiante para os amigos na sua lista.

Até onde podemos confiar em fontes além das Escrituras? Bem, nas palavras de Pedro, “[Nós, os discípulos] não seguimos fábulas enganosas quando vos fizemos conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, pois nós fomos testemunhas oculares da sua majestade. Porquanto ele recebeu de Deus Pai honra e glória, quando pela Glória Magnífica lhe foi dirigida a seguinte voz: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; e essa voz, dirigida do céu, ouvimo-la nós mesmos, estando com ele no monte santo. E temos ainda mais firme a palavra profética [ou seja, as Escrituras] à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma candeia que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça e a estrela da alva surja em vossos corações; sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. Porque a profecia nunca foi produzida por vontade dos homens, mas os homens da parte de Deus falaram movidos pelo Espírito Santo.” (2 Pedro 1:16-21)

Aqui está Pedro, que não só viu Jesus, como também o ouviu (por pelo menos três anos de ministério, e depois da ressurreição), dizendo que a palavra “ainda mais firme” é aquela que vem por inspiração de Deus (2 Tim. 3:16-17 fala disso). Já pensou? Alguém que viu Jesus, ouviu Jesus, andou com Jesus (andou até nas águas com Ele!), está dizendo que mais firme do que o testemunho dele é a palavra que vem para nós de Mateus, Marcos, Lucas, João, e Paulo (e até as cartas de Pedro que foram escritas sob inspiração), pois enquanto as informações que vêm dele tem possibilidade de erros, enganos na memória, as palavras destes autores vêm direto de Deus, sem os mesmos erros e enganos. Quanto mais devemos valorizar as Escrituras hoje, então, quando não temos testemunhas vivas como Pedro e os outros? Quanto mais devemos usar cautela quando lendo sobre supostos milagres, aparecimentos de Cristo (como se Ele fosse aparecer aqui antes da sua Segunda Vinda!), e outras histórias que se escondem atrás do anonimato da internet?

Quero deixar três coisas claras:

  1. Eu não estou desprezando a ação de Deus no mundo hoje. Eu não decido o que Deus pode ou não fazer. Mas Deus não vai agir senão conforme a Sua palavra, de forma coerente. O que faz Deus tão confiável é que Ele não mente. Ele não só faz o que diz, mas também age de acordo com o que Ele diz. Avaliem essas histórias. São coerentes com a revelação própria de Deus nas Escrituras? Se não, então para o lixo com elas, e não as repasse! Se forem coerentes, descubra se são fatos, ou meras histórias criadas para ensinar, e repasse-as com sabedoria.
  2. Eu também não estou dizendo que não existem atrocidades por aí dos quais precisamos ser alertados. Mas antes de repassar um email, confirme a história. Não deixe que o sensacionalismo crie tanta dúvida que as histórias verdadeiras são descartadas junto com o lixo. Eu adoro mexer com Photoshop, então eu sei o quanto fotos podem ser alteradas com pouco esforço. Não confie em tudo que vê.
  3. Nós temos a palavra mais certa, mais firme–as Escrituras inspiradas por Deus! Eu não acho necessário ler uma história inventada sobre uma ação milagrosa que não aconteceu para glorificar a Deus. A minha existência é um milagre (Salmo 139:14); a minha nova vida em Cristo é um milagre (Efésios 2:4-7). E eu sei disso porque Deus me disse, não porque alguém me mandou um email.

Vamos ler a palavra “ainda mais firme.” Ela vem de uma Fonte Confiável.